Sintomas persistentes ao tratamento com inibidor da bomba de prótons são devidos à doença do refluxo gastroesofágico refratária ou decorrentes de outras afecções?

AUTOR(ES)
FONTE

Arq. Gastroenterol.

DATA DE PUBLICAÇÃO

04/10/2018

RESUMO

RESUMO CONTEXTO: A doença do refluxo gastroesofágico (DRGE) é a condição clínica que se desenvolve quando o refluxo do conteúdo gástrico provoca sintomas incômodos e/ou complicações. O relaxamento transitório do esfíncter inferior do esôfago é o principal mecanismo fisiopatológico da DRGE. Os sintomas e complicações podem estar relacionados ao refluxo do conteúdo gástrico para o esôfago, cavidade oral, laringe e/ou pulmão. Os sintomas e outras possíveis manifestações da DRGE são pirose, regurgitação, disfagia, dor torácica não-cardíaca, tosse crônica, laringite crônica, asma e erosões dentárias. O inibidor da bomba de prótons (IBP) é o medicamento de primeira escolha e o mais comumente utilizado para o tratamento da DRGE. A definição mais difundida de DRGE Refratária é a condição clínica que apresenta sintomas com resposta parcial ou ausente ao tratamento com IBP duas vezes ao dia. A persistência dos sintomas ocorre em 25% a 42% dos pacientes que utilizam IBP uma vez ao dia e em 10% a 20% dos que utilizam IBP duas vezes ao dia. OBJETIVO: O objetivo é apresentar uma revisão da literatura atual, salientando as causas, aspectos diagnósticos e abordagem terapêutica dos casos com sintomas suspeitos de refluxo e não responsivos ao IBP. CONCLUSÃO - Inicialmente, o manejo da refratariedade ao IBP consiste em corrigir a baixa aderência à terapia com IBP, ajustar a dosagem do IBP e reforçar as recomendações sobre modificação do estilo de vida, evitando alimentos e atividades que desencadeiem os sintomas. O IBP diminui o número de episódios de refluxo ácido, no entanto o número de refluxos “não-ácidos” aumenta e o paciente continua apresentando refluxo apesar do IBP. Desta forma, é possível reduzir consideravelmente a ocorrência de sintomas, especialmente aqueles dependentes da acidez do material refluído. A resposta à terapia com IBP pode ser avaliada através de parâmetros clínicos, endoscópicos e de monitorização do refluxo. Na persistência dos sintomas, outras causas de DRGE Refratária devem ser suspeitadas. Em seguida, deve ser iniciada a investigação diagnóstica, que é apoiada por parâmetros clínicos e exames complementares, como endoscopia digestiva alta, manometria esofágica e monitorização ambulatorial do refluxo (pHmetria esofágica ou impedancio-pHmetria esofágica). As causas de refratariedade à terapia com IBP podem ser devidas à DRGE Refratária verdadeira ou mesmo a outras doenças não relacionadas ao refluxo, que podem gerar sintomas semelhantes à DRGE. Existem várias causas de refratariedade ao IBP, como uso inadequado da droga (falta de aderência do paciente à terapia com IBP, dosagem inadequada de IBP), refluxo ácido residual devido à supressão ácida inadequada, escape ácido noturno, refluxo “não-ácido”, metabolismo rápido do IBP, esvaziamento gástrico lento e diagnóstico equivocado de DRGE. Este representa uma causa frequente de insucesso do tratamento clínico e neste caso, o problema não é o tratamento, mas sim o diagnóstico. As causas de diagnóstico equivocado da DRGE são pirose funcional, acalásia, megaesôfago, esofagite eosinofílica, outros tipos de esofagite e outras causas. O diagnóstico e o tratamento são específicos para cada uma dessas causas de refratariedade ao tratamento clínico com IBP.

ASSUNTO(S)

refluxo gastroesofágico inibidor da bomba de prótons doença do refluxo gastroesofágico refratária sintomas refratários

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