Reforma educacional, racial e política na Bahia, Brasil

AUTOR(ES)
FONTE

Ensaio: Avaliação e Políticas Públicas em Educação

DATA DE PUBLICAÇÃO

2008-03

RESUMO

Este artigo discute as principais descobertas e conclusões de minha pesquisa de campo avaliando a reforma escolar no estado da Bahia. A coleta de dados foi feita durante duas viagens exploratórias a Salvador, capital de estado, em 2001 e em 2005. A reforma educacional baiana ("Educar para Vencer"), iniciada pelo governo do estado em 1999 e financiada em grande parte pelo Banco Mundial, alcançou algumas metas muito significativas, a mais importante sendo a expansão do sistema de educação de segundo grau e a ampliação do acesso à educação primária em áreas onde tal acesso era longe de universal. Minha pesquisa também aponta para algumas falhas desta reforma, em particular referente à situação de afro-brasileiros. Racismo estrutural é uma das causas mais indicativas desta falha. Racismo estrutural na Bahia reduz as expectativas de professores e diretores do potencial acadêmico de afro-brasileiros pobres; isto amplia o abismo entre estudantes e diretores, contribuindo para uma alienação mútua destes dois grupos e põe em perigo a criação de alianças estratégicas e sinergias dentro de escolas; o racismo ainda aliena escolas dos seus bairros, obstruindo um envolvimento significativo da comunidade na gestão da escola. Finalmente, o reconhecimento baixo que professores públicos recebem da sociedade como um todo, refletido por baixos salários, e uma falta geral de estruturas institucionais de incentivos capazes de recompensar desempenhos excelentes e sancionar desempenhos deficientes transformou a educação pública baiana num sistema desesperado, onde as motivações de professores e estudantes são sistematicamente negadas e suas esperanças frustradas.

ASSUNTO(S)

reforma educativa racismo exclusão gestão escolar participação popular

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