O valor da amilase, obtido precocemente nos drenos abdominais, é teste útil em prever a ocorrência de fístula pancreática após duodenopancreatectomia: lições aprendidas de um centro do Sul do Brasil
AUTOR(ES)
TEIXEIRA, Uirá Fernandes, RODRIGUES, Pablo Duarte, GOLDONI, Marcos Bertozzi, SAMPAIO, José Artur, FONTES, Paulo Roberto Ott, WAECHTER, Fábio Luiz
FONTE
Arq. Gastroenterol.
DATA DE PUBLICAÇÃO
2018-06
RESUMO
RESUMO CONTEXTO: A fístula pancreática representa a complicação mais temida após as duodenopancreatectomias, sendo a grande responsável pela elevada morbi-mortalidade após esta operação. Sua incidência permanece em torno de 10% a 30%. Nos últimos anos, diversos trabalhos têm estudado o valor da amilase nos drenos abdominais, medido de forma precoce após o procedimento cirúrgico, como ferramenta útil para a identificação dos pacientes sob risco de desenvolver fístula pancreática. OBJETIVO: Avaliar o valor da amilase no fluido dos drenos abdominais, obtido precocemente no pós-operatório, como método para prever a ocorrência e severidade da fístula pancreática nos pacientes submetidos a duodenopancreatectomias. MÉTODOS: Foram avaliados 102 pacientes prospectivos submetidos a duodenopancreatectomias no período de janeiro de 2013 a junho de 2017. A dosagem da amilase nos drenos abdominais foi realizada nos dias 1, 3, 5 e 7 em todos os pacientes. Os pacientes foram divididos em três grupos conforme os resultados do 1o PO: valores <270 U/L (grupo 1); entre 271 e 5.000 U/L (grupo 2); e valores >5.000 U/L (grupo 3). RESULTADOS: A incidência de fístula pancreática foi de 25,5%, sendo 3,33%, 27,3% e 41,02% nos três grupos, respectivamente. Comparados ao grupo 1, o risco de desenvolver fístula pancreática foi crescente com o aumento da amilase no 1o PO. Os valores das amilases no 1o PO e 3o PO dos pacientes com fístula pancreática foram maiores do que nos pacientes sem essa complicação (P<0,001). Além disso, no grupo 3, 37,5% dos pacientes com fístula pancreática evoluíram para óbito (P<0,001). Por fim, neste grupo, os pacientes que evoluíram para óbito tiveram valores de amilase no 1o PO significativamente maiores do que os demais pacientes (P<0,001). CONCLUSÃO: O valor da amilase, medido de forma precoce nos drenos abdominais no pós-operatório de duodenopancreatectomias, é teste útil para estratificar pacientes em relação ao risco de apresentar fístula pancreática, além de se correlacionar com a severidade dessa complicação.
ASSUNTO(S)
pancreaticoduodenectomia amilases fístula pancreática
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