"Jovens e rituais de passagem" : um estudo etnográfico de experiências de intercâmbios culturais de estudantes estrangeiros no Rio Grande do Sul

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2011

RESUMO

O presente estudo é uma análise antropológica sobre as experiências de jovens estudantes estrangeiros que participaram de programa de intercâmbio cultural escolar no RS. Programas com esta finalidade existem há mais de sessenta anos no mundo e há mais de cinquenta no Brasil. Para o programa de intercâmbio ocorrer, vários atores interagem: os jovens estrangeiros (intercambistas), as famílias hospedeiras, as organizações promotoras e as comunidades hospedeiras entre outros. Em vista disso, o universo de pesquisa abrangeu, além dos estudantes estrangeiros; as famílias e escolas gaúchas, participantes do programa; a organização responsável pelo intercâmbio escolhida para esse estudo, e as comunidades gaúchas que receberam esses jovens. Foram realizadas observações participantes e entrevistas com os intercambistas; com as famílias hospedeiras, com estudantes que haviam regressado a seus países de origem após participarem do intercâmbio, com as famílias gaúchas que já os haviam recebido e, também, com as escolas participantes. Os encontros promovidos pela Organização, destinados aos jovens, foram acompanhados pela pesquisadora. Além disso, foram coletados dados em redes sociais com o uso da internet. Através desta etnografia, foi possível perceber diferentes sentidos e significados evocados por esses jovens estrangeiros e pelas famílias gaúchas, o que indicou uma diversidade de motivações e projetos de vida dos diferentes participantes do programa. Essa diversidade, no entanto, convergia para a vivência de uma „experiência‟. Segundo os estudantes estrangeiros, essa experiência significou uma „busca de transformação de si‟, podendo ser entendida, inclusive, como a busca por um ritual de passagem. A Organização, por sua vez, se mostrou disposta a trabalhar a proposta do programa de maneira a proporcionar essa „passagem‟. O estudo revelou, também, o desejo das famílias gaúchas de estabelecer relações afetivas que ultrapassassem as barreiras nacionais e perdurassem após o intercâmbio. Com o retorno dos jovens a seus países, tornou-se evidente que redes de relacionamento entre os participantes da experiência haviam sido construídas, assim como uma rede entre grupo de jovens estrangeiros, e também destes com as famílias e comunidades hospedeiras. O grupo de intercambistas partilhava interesses, estilos de vida e as experiências de intercâmbio seguiram sendo compartilhadas através da internet.

ASSUNTO(S)

rio grande do sul cultural exchange antropologia social trajetorias de vida youth intercâmbio cultural rites of passage estudantes estrangeiros ritos de passagem juventude

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