"Eu não sou professor, não" : a presença do professor na cidade de Cláudia entre 1978 e 1988

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2010

RESUMO

Nesta pesquisa de Tese estudou-se a posição discursiva de professor-pioneiro, na Escola Estadual e Escolas Municipais Rurais da cidade de Cláudia-MT, entre os anos 1978 e 1988, período situado entre sua fundação e municipalização. Embasada no referencial teóricoanalítico da Análise de Discurso francesa fundada por Michel Pêcheux, a análise objetivou mostrar efeitos de sentidos que apontaram ao modo como o sujeito-professor se inscreveu no discurso pedagógico, frente à realidade encontrada, e o significou. Considerando o sentido em sua mobilidade, buscou-se estudar o funcionamento da designação pioneiro e a constituição da memória discursiva pedagógica referente à posição de professor-pioneiro no contexto de migração estudado. Ao compor o corpus, por um lado, realizaram-se vinte e seis entrevistas semiestruturadas, orais e transcritas, com profissionais da área da educação que atuaram em Cláudia e, por outro lado, constituiu-se um arquivo com documentos oficiais, trabalhos acadêmicos, jornais impressos e virtuais, mapas e fotografias referentes à época de estudo. Das entrevistas realizadas selecionaram-se treze, de professores que atuaram na primeira década. Ao analisar o discurso dos professores, ressaltando as noções de discurso, formasujeito, sentido, memória, relacionou-se o intradiscurso às conjunturas formadoras das condições de produção, tais como: a pedagógica - na relação do professor com seus alunos na sala de aula; a política - na relação do professor com as autoridades municipais na implantação de escolas; e a social - na relação do professor com a comunidade no entorno da escola. Os efeitos de sentidos analisados indicam que ocupar a posição de professor e pioneiro, no processo de colonização inicial, significou ser percebido em toda a comunidade da qual fazia parte, além da sala de aula e da escola. Constatou-se, na primeira década da cidade de Cláudia, uma prática discursiva na qual se considerava: a) a atuação de professores leigos, devido à falta de profissionais com formação na área; b) a construção do prédio escolar como parceria comunidade e governo; c) as responsabilidades do professor dentro e fora da sala de aula; d) a adaptação, pelos professores, dos conteúdos estipulados pelo sistema de ensino às condições da prática. Com ênfase nessas práticas constituiu-se a escola do professor-pioneiro, e os professores, mostrando que o confronto entre estar professor e ser professor se esvaiu, constituíram a sua posição pedagógica. A formação imaginária da posição do professor na escola do professor-pioneiro se estabeleceu à medida de sua identificação como professor, assumindo-se na profissão e marcando seu lugar na sociedade. Coube ao professor, neste período, dar suporte para que a comunidade se organizasse quanto ao espaço físico e para que seus habitantes tivessem conhecimentos suficientes para buscar ou requerer benefícios que seriam desfrutados por todos. Na análise realizada mostrou-se que a posiçãosujeito professor-pioneiro foi marcada pelo efeito de sentido do professor como participativo junto à comunidade, representante desta comunidade na escola; como pioneiro, os efeitos de sentidos apontam ao enfrentamento dos desafios da profissão assumida e à importância do apoio da comunidade, supervisores e colegas de profissão para que a escola funcionasse, tanto na instância de educação local como também de integração em nível nacional.

ASSUNTO(S)

education pêcheux, michel, 1938-1983 professor análise do discurso discourse analyses pioneer-teacher discurso pedagógico memory pedagogical discourse pêcheux

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