Carnes PSE (pale, soft, exudative) de frangos : análise dos transcritos do gene codificador da proteína ?RyR

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2009

RESUMO

Carnes PSE (pálida, flácida e exsudativa) ocorrem por fatores múltiplos, e o estresse e causas genéticas tem papeis cruciais. Em suínos, uma mutação no gene RYR1 (receptor de rianodina tipo 1) leva à PSS (Síndrome do Estresse Suíno) e às carnes PSE. A RyR1 é uma proteína formadora do canal de liberação de Ca2+ no retículo sarcoplasmático de células musculares. Em suínos com a mutação neste gene o estresse desencadeia um acúmulo intracelular de Ca2+, e consequentemente à uma contração muscular permanente, fazendo com que a célula dispenda mais glicogênio tentando relaxar o músculo, produzindo assim mais ácido lático, provocando uma rápida queda do pH enquanto a carcaça ainda está quente, o que leva às carnes PSE. Em frangos, a região N-terminal do RYR – a região hotspot para mutações que levam à carnes PSE em suínos – ainda não foi sequenciada. O objetivo deste trabalho foi selecionar animais pelo teste do halotano, além de submeter aves ao estresse térmico (ET) e exposição ao halotano pré abate para avaliar alterações nos transcritos do RYR e correlacioná-los com a ocorrência de carnes PSE. Para isso foram realizados quatro experimentos (A, B, C e D) e após o abate, foi coletado um fragmento do músculo Pectoralis major de onde se extraiu RNA total, o qual foi utilizado para obtenção de cDNA; amplificou-se a região a ser estudada, e estes fragmentos foram clonados e sequenciados. Para classificação de carnes PSE utilizou-se o valor de L* em 24h. Em 75 amostras analisadas, foram identificadas 62 variações ao longo das sequências obtidas. A sequência mais conservada apresentou 97% de similaridade com RYR de perus. No experimento A, das 10 amostras que apresentaram proteínas alteradas, sete originaram carnes PSE, e apenas quatro eram de amostras HAL+. Mas amostras HAL- que também tinham alterações nos transcritos também originaram carnes PSE. No experimento B 88,2% das amostras, desenvolveram carnes normais (provavelmente devido ao tempo de jejum pré-abate superior a 24h) e nenhuma das alterações dos transcritos encontradas ocorreram em amostras que produziram carnes PSE. O halotano não foi um bom identificador de amostras com alterações. No Experimento C, quando as aves foram submetidas ao halotano no pré abate e também ao ET, proteínas truncadas (TR) foram prevalentes nas aves expostas ao halotano, mas apenas as que também foram expostas ao ET, originaram carnes PSE. No Experimento D, não houve jejum pré abate nem chiller e 94,5% das amostras foram PSE, enquanto que o teste do halotano, em conjunto com o ET detectou amostras que teriam proteínas TR. Conclui-se então que o teste do halotano não foi eficaz para triar amostras que teriam alterações no mRNA nesta região do RYR. O ET em conjunto com a exposição ao halotano parecem denunciar o aparecimento de códons sem sentido do RYR (proteínas TR) e de carnes PSE. Não houve uma mutação em comum entre os grupos testados que pudesse ser correlacionada com carnes PSE e a resposta ao halotano. O ET pode ter modulado a expressão gênica, o que explicaria o grande número de transcritos alterados encontrados, principalmente quando esta variável foi aplicada. Esses resultados indicam diferenças nos mecanismos de formação de carnes PSE e resposta ao halotano entre aves e mamíferos.

ASSUNTO(S)

ave - genética molecular carne de ave - qualidade broiler effect of stress poultry as food frango de corte - efeito do estresse quality

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