Avaliação de pontos de contaminação por Salmonella sp. e coliformes totais durante o preparo de dietas para suínos

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

2012

RESUMO

A presença de Salmonella é uma das mais importantes barreiras sanitárias à exportação de alimentos. A ração contaminada representa potencial fonte de introdução de Salmonella nos rebanhos suínos, além do risco indireto de infecção ao consumidor. Um estudo transversal conduzido em quatro fábricas de ração teve como objetivos avaliar a frequência de isolamento de Salmonella e coliformes totais nestas unidades, verificar a presença desses agentes nas diversas etapas do processo de produção, correlacionar grupos clonais de Salmonella sp. obtidos pela análise de macrorestrição associada à eletroforese em campo pulsado (PFGE), além de avaliar a concordância entre o escore obtido na aplicação de roteiro de inspeção da Instrução Normativa (IN) 4 do Ministério da Agricultura e Abastecimento e os níveis de coliformes totais encontrados. De 1.269 amostras analisadas, sessenta e três (4,96%) apresentaram Salmonella sp. e 38,53% (n=489) apresentaram presença de enterobactérias. As freqüências de contaminação por Salmonella nas quatro fábricas avaliadas (A, B, C e D) foram, respectivamente, 3,5% (n=11/317), 1,7% (n=5/289), 7,1% (n=23/308) e 7% (n=25/355). Já para coliformes totais foram, respectivamente, 40,7% (129/317), 30,1% (87/289), 52,6% (162/308) e 31,3% (111/355). Nas fábricas A e D, Salmonella foi detectada em amostras de produto final. Estirpes apresentando genótipos semelhantes foram identificadas nos sorovares Orion, Montevideo, Worthington e Agona. Foi possível verificar que o sorovar Montevideo obteve o maior número de grupos clonais, apresentando pulsotipos distribuídos entre ingredientes, poeira, equipamentos e ração. O isolamento de Salmonella foi significativamente mais frequente (p =0,002) em amostras com a presença (36/489; 7,36%) do que com ausência de coliformes totais (27/780; 3,46%). As contagens logarítmicas médias encontradas de coliformes totais, considerando todas as amostras analisadas por fábrica, foram: A: 0,97 (IC 95%: 0,81-1,13); B: 0,78 (IC 95%: 0,61-0,94); C: 1,32 (IC 95%: 1,16-1,49) e D: 0,91 (IC 95%: 0,75-1,06). Constatou-se elevada variabilidade no número de coliformes totais em todos os pontos amostrados nas quatro fábricas, e não houve diferenças significativas entre os pontos amostrados e entre as fábricas (p=0,174). A regressão logística tendo como variável resposta a presença de coliformes totais apontou maiores razão de chance (OR) de isolamento no transportador (OR=3,67; IC 95%: 2,28-5,89), dosagem (OR=9,51, IC 95%: 4,43-20,41), moagem (OR=7,1; IC 95%: 3,27-15,40), mistura (OR=4,08; IC 95%: 2,04-8,17), poeira (OR=3,50; IC 95%:2,10-5,84), resíduos (OR=6,22; IC 95%: 3,88-9,95) e fábrica C (OR=2,43; IC 95%: 1,68-3,53). Da mesma forma, o transportador (OR= 4,43; IC95%: 2,43-8,09) foi o local com maior probabilidade de isolamento de Salmonella, seguidos da poeira coletada nas dependências da fábrica (OR=2,88; IC95%: 1,41-5,88). Comparadas à fábrica B, as unidades C e D apresentaram, respectivamente, 2,74 e 2,83 mais chances de isolamento de Salmonella. Ao analisar os 128 itens necessários no Roteiro de Inspeção da IN4, a fábrica B obteve o menor número de não conformidades. Nas demais fábricas, as maiores inconformidades foram encontradas quanto à estrutura da área interna e externa das fábricas. As fábricas A e D foram as que apresentaram o maior número de itens não conformes relacionados à limpeza e higienização de equipamentos. Entre os 29 itens imprescindíveis na Avaliação de Estabelecimento e Procedimentos Operacionais Padrão, oito não foram cumpridos em pelo menos uma das fábricas. A fábrica B apresentou todos os itens em conformidade, ao passo que as fábricas A e D não cumpriram os oito itens. A fábrica C apresentou três itens não conformes, relacionados à limpeza de piso e parede, recepção e armazenamento de matérias-primas. Não houve concordância entre os escores obtidos no roteiro de avaliação e a média de coliformes totais encontrada nas fábricas, demonstrando que apenas a adequação à legislação pode não garantir a inocuidade do alimento produzido. A partir disso, conclui-se que é necessário implantar programas de monitoramento e controle microbiológico ao longo da linha de produção, independente da situação da fábrica em relação à legislação vigente. A elaboração e produção de equipamentos de fácil limpeza e com mínimo acúmulo de poeira e resíduos deve ser incluída nos programas de controle de Salmonella concomitante às demais medidas de controle preconizadas.

ASSUNTO(S)

salmonella sp. : suínos salmonelosis racao animal : microrganismos enterobacteriaceae fabricas critical points feed mills pontos criticos pigs dieta : analise good manufacturing practices boas práticas de fabricação

Documentos Relacionados