A rua como espetáculo em Juan José Arreola

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2009

RESUMO

A partir da segunda metade do século XIX, o vocábulo conto começa a designar um gênero de reconhecido prestigio literário. Desde então, alguns escritores lançaram mão de suas reflexões para defender a existência de determinados elementos que seriam comuns ao gênero: técnica, concisão, tensão, intensidade, unidade de efeito, rigor estilístico. Por conseguinte, em suas reflexões teóricas encontramos os primeiros e mais influentes preceitos acerca do processo escritural e da busca de um método para a gênese do conto. Neste trabalho, antes de adentrar ao tema da rua como espetáculo nos contos de Juan José Arreola, optamos por revisitar alguns ensaios de pretensões teóricas de destacados contistas dos séculos XIX e XX: Poe, Tchekhov, Quiroga e Cortázar, cujas teorias acerca do gênero tornaram-se relevantes para os estudos sobre o conto. Por sua vez, em Confabulario, o contista mexicano Juan José Arreola costuma dar voz a diferentes personagens de rua, como vendedores ambulantes, domadores, saltimbancos, atores, charlatões. Mais do que os temas, que costumam ser poucos e recorrentes, é a perspectiva que chama a atenção para a referida obra. Seus contos apresentam, com frequência, uma anedota trivial que em algum momento rompe a familiaridade da narração, provocando uma inquietude no final do ato de leitura. Não é raro que a brevidade de Arreola se coadune com a prosa poética, a alegoria, a paródia, a ironia e o sarcasmo. Para a realização desta pesquisa foram escolhidos dez contos de Confabulario, em que a presença da rua como palco de algum tipo de espetacularização é constante. Nesses relatos, o protagonista é levado a atuar, na maioria das vezes, por uma imposição pessoal, como ator de um processo do qual ele não sai incólume. As análises interpretativas dos contos escolhidos foram organizadas em três eixos: i) o palco dos brutos, que apresenta personagens animalizados ou embrutecidos pela violência, os quais exibem uma fatalidade cotidiana imposta pelas relações de dominação a que estão sujeitos; ii) o palco do sonhado, em que são focalizados os protagonistas que se deixam seduzir pelo desejo de entrega a um novo destino; iii) o palco das quimeras, em cujos contos a representação teatral se torna mais evidente e direta, assim como o tema da mercadoria e das relações de troca.

ASSUNTO(S)

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