A constituição da criança na escola: marcas das experiências iniciais

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

05/10/2010

RESUMO

Tomando como ponto de partida a imprescindibilidade do outro na construção do conhecimento e também na constituição do próprio sujeito e suas formas de agir, reconhecemos o caráter social do desenvolvimento humano, afirmando, a partir da teoria histórico-cultural, que as características de cada indivíduo são formadas por meio das constantes interações deste com o meio em que vive. Reconhecendo, assim, as crianças como produtoras de cultura e partindo do princípio de que elas vivenciam e internalizam o mundo de modo legítimo e particular, este estudou objetivou investigar a constituição da criança no processo de escolarização e aproximar-se das possíveis marcas e nuances nelas, e por elas, construídas em suas primeiras experiências escolares. Participaram deste estudo 20 crianças, com idades entre três anos e meio e quatro anos e meio, de uma turma de pré-I da educação infantil de uma escola pública de Uberlândia (MG). A construção do corpus foi realizada a partir de visitas de observação, registradas em notas de campo e de entrevista com a educadora da turma. A inserção na sala de aula estudada teve como finalidade conhecer o cotidiano escolar em sua riqueza e dinamismo, a partir da observação participante do conjunto de práticas explícitas realizadas pelos professores e alunos, além do conjunto de práticas não explícitas que constituem e determinam a organização da sala de aula. Para o tratamento dos dados construídos, começamos pela digitação das notas de campo e pela transcrição da entrevista. Em seguida, desenvolvemos um longo trabalho de ir e vir no corpus, num diálogo contínuo com a teoria, de forma a permitir a apreensão dos processos de transformação que estavam ocorrendo e possibilitando a emergência dos diversos sentidos do material. Selecionamos trechos e levantamos os temas sobre os quais eles versavam para, depois, observarmos a recorrência de determinados assuntos que nos remetiam a sentidos comuns para, então, agrupá-los. Estas temáticas recorrentes configuraram categorias de análise que organizamos em quatro blocos temáticos: 1. As marcas da escola, no qual procuramos elencar as marcas que a escola imprime e perpetua nas crianças; 2. A (des)organização do cotidiano, que foi caracterizado pelas lacunas no aproveitamento do tempo em que as crianças estavam na instituição; 3. O professor - de tio à algoz - e sua prática, que refletiu sobre os diversos posicionamentos ocupados pelo educador infantil e sua prática; 4. A constituição da criança, em que destacamos a relevância da escola para o processo de humanização dos pequenos, para o desenvolvimento das funções psicológicas superiores e para o acesso à produção cultural. A profissão docente também foi foco de nossa análise a partir da entrevista com a educadora e, neste sentido, faz-se necessário e urgente pensar-se no âmbito das políticas públicas, nos editais para preenchimento de vagas neste nível de ensino, bem como no oferecimento de propostas efetivas de formação continuada àqueles que já estão na escola. Além disto, destacamos a importância da presença do profissional de Psicologia na educação infantil de modo a contribuir com a efetivação de uma pré-escola de qualidade, que equilibre o cuidado e a educação, e considere a escola e sua comunidade educadores, crianças e suas famílias em suas condições concretas.

ASSUNTO(S)

constituição da criança processo de escolarização teoria históricocultural educação infantil psicologia crianças - desenvolvimento psicologia escolar the making up of the child at school initial experiment marks

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