A criança com cegueira congênita na escola: uma análise da mediação de conceitos

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2010

RESUMO

As crianças apreendem informações por meio dos diversos sentidos: tato, visão, olfato, paladar e cinestésico, dentre estes o da visão pode ser considerado um dos mais importantes para a aquisição de informações ricas e em menor tempo, bem como responsável pela integração dos diferentes conteúdos sensoriais. Entende-se que, as crianças com cegueira, devido à ausência de um canal sensorial, devem ter um ensino que valorize as suas possibilidades de conhecimento do mundo, de maneira que não apresentem incoerências conceituais, identificadas em pesquisas sobre a temática. Coerente a estes apontamentos objetivou-se com este estudo analisar as características empregadas por estudantes com cegueira congênita na definição de conceitos abordados em sala de aula, bem como identificar quais contextos de aprendizagem foram determinantes para as significações. Participaram deste estudo três estudantes com cegueira congênita, sem outros comprometimentos sensoriais, matriculados no primeiro ciclo do ensino fundamental e seus respectivos professores do ensino regular comum. Com vistas a atingir os objetivos expostos foi elaborado o Protocolo de Observação das Atividades e Estratégias de Ensino, que norteou o registro das atividades e o Quadro de Detalhamento dos Conceitos, que respaldou a análise e a categorização dos dados. Além disso, realizaram-se Entrevistas para a Caracterização dos Participantes estudantes (A, B e C) e professores (PA, PB, PC) e aplicou-se o questionário do Critério de Classificação Econômica Brasil, aos responsáveis pelos estudantes. Para a análise dos conceitos abordados em sala de aula, cada um foi categorizado quanto ao: Nível de Abordagem (primária, secundária ou terciária), Características Predominantes, Atributos Sensoriais/Acesso e Contexto de Referência (cotidiano, escolar ou cotidiano/escolar). Os resultados indicaram que as definições conceituais da participante A basearam-se predominantemente em características relacionadas à função (21%) dos conceitos e em atributos táteis/vivência (31%), a participante B pautou-se na ação (38%) dos conceitos e em atributos auditivos/descrição (20%) e o participante C na função (27%) dos conceitos indagados e em atributos auditivos/descrição (31%). Destaca-se que entre os três participantes os atributos sensoriais olfativo e o gustativo foram pouco mencionados apesar de serem importantes recursos para a obtenção de informações. Com relação ao contexto de referência, a participante A destacou o contexto cotidiano em 28% das situações e o escolar em 7%, nas demais não notificou; a participante B citou o contexto cotidiano em 40% de suas respostas e o escolar em 15%, e o participante C apontou o contexto cotidiano em 24% dos questionamentos e em 23% o contexto escolar. Estes resultados indicam que, mesmo quando os conceitos indagados tinham sido abordados de modo primário em sala de aula, foram relacionados com informações apropriadas em contextos escolares anteriores e/ou no cotidiano. Verificou-se também, entre os participantes, equívocos ou desvios conceituais quanto aos conteúdos que lhes tinham sido possibilitados no contexto escolar, portanto, além de ambientes motivadores, educadores e familiares devem avaliar o entendimento das crianças com cegueira com relação às informações. Coerente as indagações que suscitaram a realização desta pesquisa conclui-se que, apesar de não ser possível generalizar os seus resultados, esta forneceu informações relevantes tanto para pais, quanto para educadores com relação aos caminhos para a aprendizagem das crianças com cegueira, sendo importante contanto, a realização de novos estudos que apontem estratégias que possam ser utilizadas, no contexto de sala de aula regular comum, que favoreça um ensino para TODOS, e que considere as particularidades de aprendizagem dos estudantes com cegueira.

ASSUNTO(S)

special education congenital blindness inclusion appropriation of concepts language inclusão formação de conceitos prática pedagógica linguagem cegueira congênita apropriação de conceitos educacao especial

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