Um estudo sobre as práticas avaliativas no regime de progressão continuada: limites e possibilidades

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2004

RESUMO

A presente dissertação de mestrado relata a pesquisa realizada em uma escola pública estadual, localizada no município de São Paulo, após seis anos de implantação do regime da progressão continuada com proposta de ciclos. O objetivo precípuo foi o de investigar as práticas avaliativas desenvolvidas pela escola e pelos professores, com o foco nas relações que a avaliação estabelece, direta ou indiretamente, com as condições de trabalho oferecida aos docentes, com as demais práticas educativas da escola e, sobretudo, com as culturas escolar, docente e discente. Os dados da pesquisa foram coletados pela observação de duas turmas de Ciclo I, respectivamente 3 e 4 anos, durante 2003, seguida da análise de alguns documentos da escola e das entrevistas com o corpo docente, coordenação e direção. A pesquisa teve como elemento norteador duas chaves de análises, que foram: as práticas avaliativas desenvolvidas pela e para a escola e as práticas avaliativas das professoras observadas e entrevistadas. Para uma melhor compreensão das observações e análises realizadas utilizou-se como referenciais teóricos da dissertação, dentre outros autores, Bourdieu, Dubet e Perrenoud. Por meio dos dados observados e coletados e das análises realizadas aliados à teoria, foi possível concluir que permanece, ainda fortemente, a lógica da seriação marcada por currículos organizados em disciplinas estanques, menções com juízos de valor e como mecanismo de seleção; o desejo pelo retomo da reprovação atrelado ao ideal da homogeneidade e os professores despreparados e desacreditados das intenções das reformas públicas. Por outro lado, destaca-se que houve algumas mudanças nas práticas educativas e avaliativas. Porém, estas não foram suficientes para alterar concepções e hábitos instituídos em uma escola, cuja função social, historicamente, tem sido a de selecionar e promover o "avanço" de alguns alunos em detrimento de outros, tendo como maior aliada, para tal, a avaliação de aprendizagem. Também, foi possível observar a permanência da lógica seriada, em consonância com a avaliação de caráter classificatório e os limites e possibilidades existentes para a implantação efetiva da progressão continuada e dos ciclos, a partir de análises sobre 9 confronto existente entre o cotidiano escolar com o discurso oficial. Em virtude das inúmeras críticas que são direcionadas à progressão continuada, as hipóteses seguiram na direção de comprovar que a não efetivação das mudanças propostas por essas reformas se deve à permanência de uma cultura arragaida por décadas, atrelada a deficientes condições de trabalho e falta de apoio aos docentes, e pela formação docente inadequada frente à essas mudanças. Obteve-se como dado conclusivo que, embora os professores tivessem alterado algumas práticas periféricas, se manteve o processo classificatório, seletivo e homogeneizador

ASSUNTO(S)

progressão continuada educação: história, política, sociedade reforma do ensino -- avaliação. educacao

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