TRANSFUSÃO DE SANGUE OBTIDO DE DOADORES ANESTESIADOS COM CETAMINA E XILAZINA OU ISOFLURANO EM GATOS HIPOVOLÊMICOS / BLOOD TRANSFUSION OBTAINED FROM DONORS ANESTHETIZED WHIT KETAMINE AND XYLAZINE OR ISOFLURANE IN HYPOVOLEMIC CATS

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2010

RESUMO

Transfusões sangüíneas constituem importante recurso de terapia intensiva. A obtenção de sangue para transfusão em gatos é desafiadora, em função de seu temperamento caracteristicamente indócil, que torna incomum a disponibilidade de doadores que não exijam anestesia durante a coleta. Alguns protocolos anestésicos têm sido recomendados para gatos doadores. No entanto, desconhecem-se estudos acerca das possíveis conseqüências da presença de anestésicos no sangue transfundido em receptores hipovolêmicos. Os objetivos deste estudo são: avaliar e comparar as respostas de gatos hipovolêmicos à transfusão de sangue de doadores anestesiados por isoflurano ou associação de cetamina e xilazina; e avaliar uma técnica de monitoração das pressões arterial e venosa por meio de dissecação e cateterização carotídea e jugular. Foram utilizados 10 gatos adultos, sem raça definida, pesando entre 3 e 4,5kg. Os animais integraram dois grupos: ISO (cinco doadores e cinco receptores de sangue coletado sob anestesia por isoflurano) e CX (cinco doadores e cinco receptores de sangue coletado sob anestesia pela associação de cetamina e xilazina). Após indução anestésica dos doadores por um dos protocolos propostos, procedeu-se a coleta do sangue. Os receptores foram anestesiados com isoflurano e atracúrio, e mantidos sob ventilação mecânica. Aferiram-se os dados basais (t0) dos parâmetros: freqüência respiratória (f), concentração de anestésico expirado (ETiso), tensão de dióxido de carbono ao final da expiração (ETCO2), pressão venosa central (PVC), pressões arteriais sistólica, diastólica e média (PAS, PAD e PAM), freqüência cardíaca (FC), hemogasometria arterial; hemograma, glicose, uréia e creatinina. Os receptores foram induzidos à hipovolemia pela retirada de 20ml kg-1 de sangue e, em seguida, receberam o sangue dos doadores. As aferições foram realizadas no período basal (t0), após a hipovolemia (t1), imediatamente, 15, 30, 45 e 60 minutos após a transfusão (t2, t3, t4, t5 e t6), sendo os exames laboratoriais realizados apenas em t0, t1, t2 e t6. Os dados foram submetidos à análise de variância de uma via com repetições múltiplas (ANOVA), seguidas de comparação pelo teste de Tukey, para determinação das diferenças estatísticas entre médias ao longo do tempo em cada grupo, e as médias em cada tempo entre grupos. As diferenças foram consideradas estatisticamente significativas quando P≤0,05. O grupo CX apresentou valores de PVC significativamente maiores que os do grupo ISO após a transfusão e nos tempos seguintes. Também observaram-se valores mais estáveis de PAS, PAD e PAM no grupo CX ao longo do tempo, enquanto o grupo ISO apresentou queda significativa desses parâmetros após a hipovolemia. Com exceção da PVC, não houve diferença entre os protocolos em relação aos efeitos sobre a função cardiovascular e os dados de hemograma, bioquímica sérica e hemogasometria dos receptores. A transfusão de sangue de doadores anestesiados com cetamina e xilazina promoveu maior elevação da PVC nos receptores, quando comparada à transfusão de sangue coletado sob anestesia com isoflurano. Não foi possível estabelecer uma comparação efetiva entre os protocolos avaliados. Estudos adicionais, com maior número de animais e provas comprobatórias da presença dos fármacos no sangue transfundido poderiam contribuir para o esclarecimento dessa questão. A técnica de proposta permitiu monitorar satisfatoriamente as pressões arterial e venosa central, apesar do risco de hemorragia por perda acidental do cateter arterial.

ASSUNTO(S)

hipovolemia medicina veterinaria hipotension hypovolemia felines anesthesia hemoterapia anestesia hemotherapy hipotensão felinos

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