Significância clínica da presença de Staphylococcus coagulase-negativo isolados de recém-nascidos de uma unidade de terapia intensiva neonatal em Brasília-DF

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2007

RESUMO

Introdução e Objetivos Há longo tempo os S. coagulase-negativo (SCoN) vem sendo reconhecidos como contaminantes em culturas pois fazem parte da flora da pele humana e das membranas mucosas. Nas últimas décadas eles emergiram como agentes etiológicos em infecções e são tanto causas importantes de infecções da corrente sanguínea nosocomiais, principalmente nas unidades de terapia intensivas neonatais (UTIN), quanto os contaminantes mais comuns das hemoculturas. Um elemento central da imunidade inata no recém-nascido, o neutrófilo, é imaturo, com deficiência na aderência, quimiotaxia e fagocitose, o que pode de alguma maneira explicar por que estes pacientes são tão susceptíveis às infecções por esse agente infeccioso. A freqüência de sobrevivência desses pacientes tem aumentado significantemente, porém a custo de necessidade prolongada, de cateteres venosos centrais, ventilação mecânica, nutrição parenteral e tratamento antimicrobiano. Esses materiais médicos artificiais podem ser colonizados pelo estafilococo, que forma um biofilme aderente no dispositivo, resiste às defesas do hospedeiro e tem uma susceptibilidade diminuída aos agentes antimicrobianos. Sinais clínicos de sepse nos recém-nascidos são inespecíficos e marcadores hematológicos e inflamatórios tem sido indicadores úteis para a identificação dos recém-nascidos sépticos. Julgar a significância clínica do estafilococo coagulase-negativo é vital, mas frequentemente difícil nos pacientes neonatais, por que muitas vezes não é possível obter deles mais do que uma amostra de sangue para cultura. Nosso objetivo é descrever o perfil epidemiológico e a significância clínica do estafilococo coagulase-negativo, os aspectos clínicos, fatores de risco relacionados e desfechos dos recém-nascidos na UTIN e estudar a atividade de antibióticos contra esse agente. Método Os prontuários médicos dos pacientes com hemocultura positiva para o SCoN foram examinados. Dados clínicos basais foram obtidos prospectivamente tão logo a primeira hemocultura tornou-se positiva, enquanto a determinação da significância clínica foi feita retrospectivamente, após encerramento da coleta dos dados. Resultados Durante o estudo 526 pacientes foram admitidos na UTIN e 45 pacientes com 49 hemoculturas positivas para SCoN foram estudados. Os microrganismos mais comumentes isolados na UTIN foram as bactérias Gram-positivas (66,2%) com o SCoN como patógeno predominante (56,9%). A resistência do SCoN a oxacilina foi de 98%. Todas as linhagens foram sensíveis à vancomicina. O diagnóstico mais freqüente na admissão foi a Doença da Membrana Hialina (26,5%). Do total, 50% dos pacientes pesavam menos de 1310g e 87% nasceram com menos de 37 semanas de gestação. Sinais clínicos como febre ou hipotermia e alterações respiratórias ajudaram no diagnóstico de sepse. Foram consideradas significantes 43 cepas de SCoN nas hemoculturas (87,8%), enquanto seis (12,2%) foram contaminantes. A idade media do início da infecção foi de 19 dias, mas a sepse precoce ocorreu em 8% dos pacientes. Nos pacientes com bacteriemia verdadeira a idade gestacional foi mais baixa e o uso de cateter venoso central e nutrição parenteral mais freqüente. Contagem de neutrófilos imaturos aumentados foi relacionada à sepse e a plaquetopenia foi fator de mau prognóstico. Conclusão Este estudo descreve o perfil epidemiológico das infecções por estafilocococoagulase numa UTIN terciária de um hospital público em Brasília. Esforços para controlar a incidência da infecção devem ter como objetivo os fatores preveníveis, em muitos casos associados com fatores externos ou dispositivos médicos invasivos e com o uso mais restrito de antibioticoterapia.

ASSUNTO(S)

sepse neonatal coagulase-negative staphylococci neonatal immunity neonatal sepsis estafilococo coagulase-negativo doencas infecciosas e parasitarias imunidade no recémnascido

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