Significados de violência na infância por profissionais da Estratégia Saúde da Família / Meanings of violence in childhood professionals by the Family Health Strategy

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2010

RESUMO

Nos contextos mundial e brasileiro, o perfil de mortalidade para a faixa etária de 5 a 19 anos, caracteriza-se pela alta incidência de mortes por causas externas (violência e acidentes). A violência intrafamiliar contra a criança, considerada como uma causa externa e a mais frequente forma de violência infantil, é uma habitual e grave violação de direitos, por negar-lhes a liberdade, a dignidade, o respeito e a oportunidade de crescer e se desenvolver em condições saudáveis. O objetivo geral desse estudo foi analisar as percepções dos profissionais da Estratégia Saúde da Família (ESF) sobre a violência contra a criança atendida no serviço de saúde. Fundamentamos a investigação, realizada junto a equipes da ESF de Goiânia, na abordagem social da pesquisa qualitativa em saúde. Participaram deste estudo 18 sujeitos (agentes comunitários de saúde, enfermeiros, auxiliares de enfermagem e médicos). Os dados foram coletados por meio de entrevista semi-estruturada com esses profissionais e por observação com registros anotados em um diário de campo. O tratamento do material coletado baseou-se na modalidade temática da análise de conteúdo, do qual emergiram três categorias temáticas: violência, atos violentos e ações dos profissionais. Essas categorias apontam a violência doméstica como a mais frequente nas suas modalidades física, sexual, negligência e psicológica. Entre os motivos para ocorrência desta violência relatam o desemprego, separação dos pais, uso de álcool e drogas, entre outros. Além disso, a violência é vista pelos profissionais da ESF como maneira de educar, transmitida de geração a geração. No que se refere aos procedimentos no atendimento às vítimas de violência, há preocupação em orientar os familiares, comunicar ao Conselho Tutelar e encaminhar os casos aos hospitais de referência ou a outro profissional da mesma ESF. Entretanto, os participantes apontam que, muitas vezes, as ações de comunicar a outro órgão, seja o Conselho Tutelar, outras instituições ou profissionais, constituem-se em mecanismos para passar o problema adiante, dadas suas dificuldades para lidar com a situação. Entre os caminhos para ações preventivas, os participantes da pesquisa referem o bom relacionamento entre pais e filhos, realização de educação continuada e observação do profissional de saúde nos momentos de visita domiciliar. Portanto, os profissionais de saúde da ESF percebem a violência contra a criança de forma contextualizada, principalmente no âmbito familiar, onde ela é vista como um ser indefeso; os pais são considerados os principais agressores. Além disso, a violência sexual é concebida como a mais grave forma de maus-tratos contra a criança, enquanto a física pode ser considerada uma forma limite, visando a educação dos filhos. Assim, o estudo contribui para reflexão dos profissionais de saúde da ESF sobre estratégias educativas e de prevenção da violência infantil, favorecendo ainda o enfrentamento de suas dificuldades de detecção e ações diante do problema.

ASSUNTO(S)

1. violência doméstica crianças visão de profissionais da saúde 2. relação profissional criança 3. profissionais de saúde estratégia saúde da família profissionais da saúde domestic violence children violência doméstica health family enfermagem saúde da família health personnel crianças

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