Rupturas e reconstruções: migração forçada e redes sociais em meio da guerra em Colômbia

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2007

RESUMO

A história da Colômbia se caracteriza por violentos processos de expulsão de população que datam da metade do século XX, e que têm se aprofundado como conseqüência do conflito armado interno que recomeça na década de 90. Estatisticamente, desde o ano de 1985 até hoje são 3.700.000 pessoas que têm se deslocado. Quem está obrigado a fugir, sai das zonas rurais até os municípios mais próximos de seu lugar de moradia. No entanto, o aprofundamento do conflito obriga as pessoas a continuarem se deslocando até as grandes cidades onde são maiores as possibilidades de anonimato. Assim, considerando as particularidades do deslocamento interno, se propôs caracterizar a partir da percepção dos atores a forma como as redes pessoais de um grupo de migrantes advindos do conflito armado interno que, hoje, moram nos bairros da subprefeitura de Ciudad Bolívar, em Bogotá agem, se afetam e se reconstroem na trajetória migratória. Nosso intuito era evidenciar se, da mesma maneira como acontece com outros tipos de migração, há uma lógica de comunicação, permanência, reconfiguração e organização das redes sociais; além de descrever as situações que facilitam, condicionam ou limitam estes processos. A metodologia de pesquisa enfatizou o registro em caderno de campo e mediante gravação das observações e narrativas feitas pelas pessoas durante os contatos com a pesquisadora, em entrevistas informais e em profundidade. A configuração das redes pessoais foi complementada com a aplicação de um survey. Como resultado da pesquisa, podemos dizer que existe uma lógica de redes na hora de eleger Bogotá como destino, geralmente porque há familiares ou conhecidos que migraram antes por causa da violência ou por razões econômicas ou porque existe uma experiência prévia de moradia ou contato com Bogotá. Estes laços constituem-se chave nos processos de adaptação à cidade. Com o convívio na cidade, as pessoas deslocadas vão conhecendo vizinhos, colegas de trabalho, funcionários de ONGs ou de instituições do Estado, que vão se adicionando ao seu leque de relacionamentos. No entanto, a violência, o medo e a desconfiança são alguns fatores que condicionam a incorporação de novos laços e a conservação de antigos, afetando a dinâmica e a configuração das redes destes migrantes

ASSUNTO(S)

social support migração redes sociais ciencias humanas internal displacement-bogotá suporte social social networks armed conflict-colombia conflito armado colômbia migration forced migration deslocamento interno bogotá

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