Redução do estresse oxidativo no músculo cardíaco de ratos com caquexia induzida pelo tumor de Walker-256

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

O desenvolvimento da caquexia em doenças malignas como o câncer manifesta-se pela perda de massa corporal, incluindo atrofia, anorexia, anemia, alteração no metabolismo de carboidratos, lipídios e proteínas. As citocinas, especialmente o fator de necrose tumoral α (TNF-α), participam de forma importante na indução do estresse oxidativo e no aumento da produção de espécies reativas de oxigênio (EROs) pelas mitocôndrias. Os miócitos cardíacos contêm muitas mitocôndrias e estas contribuem em grande proporção pela produção de EROs que são formadas durante a fosforilação oxidativa, refletindo a dependência quase completa do miocárdio para com o metabolismo aeróbio. No entanto existem mecanismos celulares que inibem o excesso da produção de EROs como o sistema enzimático da catalase (CAT), glutationa peroxidase (GSH-Px) e a superóxido dismutase (SOD), e não enzimático como as vitaminas E, C e β-caroteno, entre outros. As EROs estão associadas a muitas doenças cardiovasculares como aterosclerose, hipertensão, insufiência cardíaca e diabetes, levando a carência de defesas anti-oxidantes. Não existem evidências experimentais que demonstrem os acontecimentos oxidativos no miocárdio provocado pela caquexia induzida pelo tumor de Walker-256. Em virtude disso foram medidos os níveis de hidroperóxidos lipídicos e o potencial anti-oxidante (TRAP), SOD, CAT e o sistema glutationa em três estágios do desenvolvimento do tumor sólido de Walker-256 (5 dias, 10 dias e 14 dias). Além disso, foram avaliadas a ingestão alimentar, a perda de massa muscular do gastrocnêmio e do miocárdio, além do índice de caquexia. A perda de massa do miocárdio foi 8,3% no grupo 5 dias, 10,8% no grupo 10 dias e 16,8% no grupo 14 dias. Os níveis de hidroperóxidos lipídicos diminuíram significativamente a partir do grupo 10 dias (p<0,05), demonstrando uma queda na lipoperoxidação neste tecido, enquanto o TRAP aumentou a partir dos 10 dias (em μM Trolox) 2,29±0,14 e 14 dias 2,07±0,11, controle 1,13±0,04 (p<0,05), apresentando aumento das defesas anti-oxidantes de baixa massa molecular. A atividade da SOD foi significativamente maior em todos os grupos experimentais, (USOD/mg proteína-1) tumor 5 dias 6,61 ± 0,22 , tumor 10 dias 6,94 ± 0,41 e tumor 14 dias 6,02 ± 0,3, comparados ao grupo controle 5,11 ± 0,28, (p<0,05), enquanto que a atividade da CAT foi (absorbância/mg proteína-1.min-1) significativamente maior no grupo controle (0,392 ± 0,008) comparado ao grupo 5 dias de tumor (0,341 ± 0,009), mas quando comparado aos grupos 10 dias (0,601 ± 0,04) e 14 dias (0,559 ± 0,02) foi menor, demonstrando também aumento nessas enzimas anti-oxidantes após a inoculação do tumor. A GSSG não apresentou diferença entre os grupos avaliados, enquanto que os níveis de glutationa total (GT) (μM/mg proteína) comparado ao grupo controle (7,98±0,39) foi menor no grupo 10 dias (6,50±0,45) e maior no grupo 14 dias (9,99±0,19; p<0,05). O índice de estresse aumentou significativamente comparado ao grupo controle (0,45±0,03), no grupo 5 dias (0,66±0,06) e no grupo 10 dias (0,78±0,10), no entanto diminuiu com relação no grupo 14 dias comparado ao grupo 10 dias (0,52±0,02; p<0,05), estando estes dois parâmetros elevados no grupo 14 dias pelo provável recrutamento de glutationa reduzida sistêmica para o interior do miócito cardíaco. Estes resultados revelam uma proteção anti-oxidante exacerbada na caquexia induzida pelo tumor neutralizando a ação das EROs, diferente do que acontece em outros tecidos e em outras patologias cardiovasculares, sugerindo futuros trabalhos com a perspectiva de averiguar as alterações morfológicas e estruturais, e monitorar as funções cardíacas que ocorrem na caquexia induzida pelo tumor de Walker-256

ASSUNTO(S)

patologia experimental caquexia tumor de walker-256 cachexy experimental pathology

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