Privatize to become "public" : an alalysis of the discourse surrounding the privatization of telecommunications in the press / Privatizar para tornar "publico" : uma analise do discurso sobre a privatização das telecomunicações em jornais
AUTOR(ES)
Fernando Felicio Pachi Filho
DATA DE PUBLICAÇÃO
2008
RESUMO
Nos anos 90, o Brasil passa por mudanças em seu modelo de desenvolvimento, com a retirada do Estado de atividades econômicas. Neste período, são realizadas as privatizações de empresas estatais, entre elas as de telecomunicações. Consideramos assim que o discurso sobre as privatizações constitui-se num lugar relevante para a observação da recente história brasileira. Neste trabalho, que toma como base princípios téoricometodológicos da Análise do Discurso Francesa, tradição inaugurada por Michel Pêcheux, procuramos compreender o funcionamento do discurso sobre a privatização das empresas de telecomunicações na imprensa, tomando como corpus de análise textos dos jornais O Estado de S. Paulo e Folha de S. Paulo. Nesse sentido, com o objetivo de observar como se estabelecem fronteiras discursivas entre público e privado, propomos inicialmente uma análise da nominalização privatização, que concentra a carga histórica de sinalizar um processo e uma mudança em direção a um outro modelo privado - , bem como das diferentes designações desestatização e venda para o mesmo acontecimento. Analisamos também os deslocamentos na memória constituída entre estatal/público/nação. Se estas identificações foram possíveis, é porque elas têm como base uma memória que as constituiu, que as definiu e estabilizou ao longo da história. No discurso da imprensa, alimenta-se, porém, o imaginário de um passado que produziu efeitos negativos para a sociedade, devendo, portanto, ser rejeitado e negado em sua continuidade. Como conseqüência, promove-se uma construção imaginária do futuro, em que há benefícios para todos e sem vínculos com o passado, numa prática discursiva que visa instalar a privatização como marco simbólico de um período de prosperidade. Esta gestão do tempo histórico produz uma linha de continuidade entre presente e futuro e uma ruptura entre passado e presente. Há, portanto, uma trajetória na qual se operam deslocamentos na relação estatal/público/nação, considerada ultrapassada, e que aponta para uma concentração de sentidos positivos no privado, relacionado ao futuro, à modernidade e à construção da cidadania. Assim, a tomada de posição privatista dos jornais analisados tenta cristalizar o sentido de privado como algo benéfico, atraindo para si igualmente o sentido anterior de público, que se refere à construção do bem comum, e rejeitando formações que visam manter a memória entre estatal/ público/ nação. Assim, neste discurso, privado é base para formação de público.
ASSUNTO(S)
privatização imprensa discourse analysis memoria analise do discurso press memory privatization
ACESSO AO ARTIGO
http://libdigi.unicamp.br/document/?code=vtls000436972Documentos Relacionados
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