Organização e processos de trabalho em uma cooperativa do MST: debate teórico no contexto da empresa capitalista e da economia solidária.

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2006

RESUMO

Historicamente verifica-se a apropriação de ferramentas de gestão para a obtenção de maisvalia. Entre elas destaca-se as relacionadas à organização e aos processos de trabalho. No entanto, é notado que a apropriação dessas ferramentas de gestão não é só feita por empresas capitalistas, mas também por empreendimentos de economia solidária (EESs). Esta dissertação de mestrado tem por finalidade analisar as características comuns e específicas da organização e dos processos de trabalho em seus diferentes modelos nas empresas capitalistas e nos EESs. Para tanto, utilizou-se da pesquisa teórico-empírica por meio de revisão bibliográfica para caracterizar as duas variáveis nas duas estruturas sociais, e ainda, por meio do estudo de caso e da metodologia participativa, identificar as características específicas de um tipo de EES, uma cooperativa de reforma agrária, no caso, a Cooperativa de Produção Agropecuária Vitória LTDA (COPAVI). Na revisão bibliográfica observou-se que para maior obtenção da mais-valia na economia capitalista, a organização e os processos de trabalho sofrem constantes mudanças a partir do desenvolvimento do modo de produção capitalista, dentre eles pode-se destacar: cooperação simples, manufatura, maquinaria e automação microeletrônica, além dos modelos taylorista, fordista, italiano, sueco e japonês, entre outros. Já nos EESs ocorrem mudanças, porém na perspectiva da autogestão e a subordinação da racionalidade técnica à racionalidade social, através do cooperativismo. Na análise comparativa realizada, verificou-se como fator comum para os dois tipos de organização a cooperação, porém com significados e propostas diferenciadas em cada um dos tipos de organização. As empresas capitalistas utilizam-se do conceito de cooperação como simplificação e parcelamento das atividades de trabalho de cada operário para a complementação do processo produtivo, ou seja, é uma cooperação via imposição da gerência. Este tipo de cooperação é de forma alienante e subordinada, que tem evoluções e melhorias ao longo do tempo via competitividade empresarial. Para os EESs cooperação tem o sentido de gestão democrática, participação coletiva nos processos de trabalho, de gestão e tomada de decisão coletiva, que do mesmo modo que as empresas capitalistas, sofrem mudanças para melhor inserção de seus produtos no mercado. Desta forma, foi analisado na COPAVI, como ocorrem as mudanças na organização e nos processos de trabalho orientados para a implementação de arranjos integrados de cadeias produtivas, mantendo-se as características de cooperação como proposta de não alienação do trabalhador. Destaca-se que esta dissertação não tem a finalidade de criar um modelo, mas mostrar ser possível criar e desenvolver alternativas de organização e de processos de trabalho a partir da autogestão.

ASSUNTO(S)

organização da produção work processes solidary economy engenharia de producao tools of management trabalho work organization cooperativismo economia solidária cooperation reforma agrária cooperative of land reform

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