O papel macroeconômico das famílias e a geração de fragilidade financeira / The macroeconomic role of families and the generation of fincancial fragility

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

17/02/2012

RESUMO

A crise iniciada nos EUA, em 2007, pode ser entendida como resultado da limitação e incapacidade de supervisão das autoridades do governo associadas à evolução de práticas e inovações inerentes à dinâmica do sistema financeiro, sobretudo por conta dos processos de desregulamentação e liberalização financeiras, em curso nas últimas décadas. Porém, a própria reversão e a lenta recuperação da economia americana têm destacado outros aspectos, entre eles, o de que as famílias estavam diretamente envolvidas na geração da fragilidade financeira que antecedeu a crise. O endividamento destes agentes é um dos elementos mais nítidos deste processo, contudo, tem recebido interpretações parciais e, por vezes, inconsistentes do ponto de vista agregado e das variáveis de fluxo e estoque. Neste ponto, a própria alavancagem do consumo poderia ser compreendida a partir de um processo mais amplo, tendo em vista a estrutura de passivos e ativos das famílias e a complexidade das decisões envolvidas. Assim, pode-se dizer que algumas das preocupações de Minsky concretizaram-se, entre elas, a de que as famílias, enquanto unidades econômicas caracterizadas por seus portfólios, também podem assumir posições financeiras crescentemente especulativas (expressas na relação entre renda e despesas financeiras, ou na relação ativo-passivo) e contribuir para a geração de fragilidade no sistema. Quando isso ocorre, num contexto de largo aprofundamento das finanças na economia, a ?ação financeira das famílias? não pode ser desconsiderada pela teoria, nem sua participação na demanda reduzida ao consumo corrente, ou ao consumo de ?bens-salário? financiado por crédito de curto prazo, sem a geração de maior impacto no sistema. Nesta dissertação defende-se que a fragilidade financeira das famílias contém uma importante dimensão patrimonial, evidenciada a partir da aquisição de ativos e de um longo processo de endividamento - o qual assumiu maior intensidade no ciclo de liquidez recente. Cabe ressaltar que, a gravidade da crise estaria, justamente, no fato de que famílias dos mais diferentes perfis de renda e riqueza, a partir da aquisição e financiamento de imóveis, passaram a apresentar posturas financeiras cada vez mais dependentes da dinâmica de preços dos ativos, sobretudo com a intensificação do endividamento frente à valorização imobiliária. Estes aspectos, portanto, justificariam a própria revisão do papel macroeconômico das famílias.

ASSUNTO(S)

imóveis crédito crise financeira famílias real estate credit financial crises households

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