O jogo, a forma e a recepção em Malagueta, perus e bacanaço
AUTOR(ES)
Suzana Cazula Bernachi
DATA DE PUBLICAÇÃO
2005
RESUMO
Esta pesquisa se preocupou em investigar o método construtivo de Malagueta, Perus e Bacanaço de João Antônio, uma das narrativas que compõe a obra e ganha o mesmo nome, publicada em 1963. A seleção por essa obra se deu a partir de uma questão que nos inquietou: a dúvida sobre qual gênero narrativo tínhamos diante de nós, não só porque excedia o conto ao se constituir por seis conjuntos narrativos, à semelhança de capítulos, mas também, porque se aproximava da novela por ter uma moldura comum às seis estâncias narrativas: três jogadores de sinuca em trânsito pelos bares da cidade de São Paulo. Além disso, não era possível desprezar o aspecto de crônica que emergia do relato, na medida em que estava em causa o cotidiano da cidade juntamente com a experiência real do próprio autor, a boêmia e os jogadores de sinuca. A hipótese norteadora da investigação foi a de que havia em Malagueta, Perus e Bacanaço uma metáfora como fundamento da construção: a analogia entre o jogo da sinuca, o jogo da vida e o jogo textual. A análise demonstrou que o narrador-jogador é o responsável pela instabilidade da tessitura textual por meio da ambigüidade do discurso indireto livre, causador da perda de limites entre o seu ponto de vista e o das personagens. Essa estratégia narrativa, aliada ao ritmo entrecortado das 6 cápsulas narrativas Lapa, Água Branca, Barra Funda, Cidade, Pinheiros, Lapa , numa sutil correspondência com as 6 aberturas laterais da mesa de sinuca, contribuiu para estabelecer a equivalência entre o jogo textual e a sinuca, na modalidade jogo da vida para, daí, apontar para outra analogia com a própria existência como luta pela sobrevivência, à luz da astúcia e da malandragem. As conclusões nos levaram a confirmar a hipótese, de modo a salvaguardar a razão construtiva e metalingüística desse texto de João Antônio, fator determinante para uma revisão no posicionamento crítico sobre a obra do autor com destaque para o seu valor artístico-literário, em detrimento de interpretações de denúncia dos marginalizados sociais, na trilha dos romances-reportagens da Geração70
ASSUNTO(S)
70s generation geração 70 metaphorical game hibridização hybridisation jogo metafórico antonio, joão -- 1937- -- malagueta, perus e bacanaço - crítica e interpretação literatura brasileira metalanguage metalinguagem joão antônio
ACESSO AO ARTIGO
http://www.sapientia.pucsp.br//tde_busca/arquivo.php?codArquivo=1975Documentos Relacionados
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