O ensaio jornalístico na revista Veja: uma análise multidimensional

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

Este trabalho tem como objetivo geral fazer uma análise multidimensional no gênero ensaio jornalístico, gênero discursivo que, além de complexo e multimodal, apresenta características híbridas. Especificamente, com o intento de propor critérios definidores do referido gênero, esta pesquisa procura estabelecer diferenças e semelhanças entre o ensaio e outros gêneros da mesma esfera, a partir da descrição e interpretação de recursos multimodais utilizados. A análise dos recursos formais, esquemáticos e retóricos identificados na formatação do ensaio jornalístico mostra que as análises se enquadram nas abordagens sócio-semióticas e sócio-retóricas. Na dimensão formal, contemplamos elementos que constituem o design do texto, incluindo as formas de representação a partir da tipografia, das cores, imagens, bem como os aspectos lingüístico-discursivos: índices de modalização, os operadores discursivos e a categoria tempo; na dimensão esquemática, apresentamos a estrutura organizacional, considerando os movimentos retóricos postulados por Swales (1990) e na dimensão retórica observamos as categorias: quem escreve, para quem escreve, sobre o que escreve e onde escreve. Os postulados metodológicos adotados são de natureza qualitativa e o procedimento é documental, dado que nos valemos de textos escritos desse gênero como objeto de análise. O corpus é constituído por uma amostra composta por 14 textos extraídos de um conjunto de 173 ensaios jornalísticos veiculados semanalmente pela revista Veja, no período entre agosto de 2004 e janeiro de 2008. A análise dos dados mostrou que o ensaio jornalístico, objeto desse estudo, materializa- se através de múltiplas representações simbólicas e múltiplos temas que versam desde um pequeno episódio do cotidiano a fatos de grande relevância social na atualidade, de natureza histórica e cultural, de âmbito nacional ou internacional. Empregado pela primeira vez por Montaigne em 1580, para designar, no dizer do próprio autor, escritos ligeiros sobre sua vida e sobre acontecimentos históricos, os quais poderiam nem ser lembrados depois, o termo ensaio foi enriquecido com outras especificações, de forma a abranger o que se denominam hoje ensaio científico, ensaio acadêmico, ensaio jornalístico e outros tipos de ensaios específicos. Essas denominações têm a ver com o engajamento dos membros de comunidades de práticas diversas, em virtude da multiplicidade de atividades realizadas nessas estâncias. As conclusões a que chegamos foram as seguintes: 1. o gênero discursivo não é uma entidade pura, em virtude da multiplicidade de situações em que os gêneros se inserem nas ações sociais; 2. as instituições definem a configuração de um determinado gênero, inclusive a sua própria designação, visto que por trás de todo gênero discursivo existe uma voz disciplinar a voz institucional e, no caso dos ensaios por nós analisados, a voz institucional se apresenta, realmente, como um traço definidor; 3. o ensaio jornalístico, por suas múltiplas representações simbólicas, múltiplos temas e por passar opiniões explícitas ou implícitas do seu autor, assemelha-se a outros gêneros, podendo, portanto, ser inserido em uma colônia de gêneros opinativos

ASSUNTO(S)

dinamicidade ensaio jornalístico journalistic essay genre multidimensionality colônia de gêneros opinativos multimodality linguistica aplicada dynamic multimodalidade gênero multidimensionalidade colony of opinionatives genres complexidade complexity

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