O diálogo entre aspectos da cultura científica com as culturas infantis na educação infantil

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

25/03/2012

RESUMO

Esta pesquisa é fruto de inquietações sobre as diferentes formas de se pensar e abordar as ciências naturais na educação infantil. Parte do princípio de que antes de frequentarem a escola as crianças já têm contato com aspectos da cultura científica pela mídia, pelo contato com os pais e outros adultos ou crianças maiores, ou ainda pelo contato direto com elementos e fenômenos relacionados às ciências naturais. Da mesma forma, estes aspectos estão presentes na instituição de educação infantil, em alguns casos emprestando a forma disciplinar e escolarizada do ensino fundamental. Neste sentido, este estudo tem como objetivo identificar, na interação das crianças com os pares, com os adultos e tudo o que as rodeia, suas ações, percepções e formas de significação do mundo natural e tecnológico refletindo sobre como inserir elementos da cultura científica no espaço da infância, sem sobrepô-la à das crianças. Buscou-se: identificar os elementos ou fenômenos naturais e tecnológicos percebidos ou manipulados pelas crianças; conhecer as vivências sociais e culturais relativas à cultura científica que as crianças compartilham com outras crianças e adultos e analisar as características das vivências desencadeadas a partir da incorporação de práticas relacionadas à cultura científica no espaço da educação infantil. A infância está sendo compreendida como uma categoria social e as crianças como atores sociais, integrantes dessa categoria e produtoras de culturas. A pesquisa, de cunho qualitativo, foi realizada com base em estudos sobre a infância e nas ideias de Humberto Maturana sobre autopoiese, cognição, linguagem e emoção. O interesse concentrou-se principalmente nas experiências das crianças em atividades livres e em atividades dirigidas pela professora que era também a pesquisadora. A análise dos dados, obtidos por meio de registro em vídeo, fotográfico, diário de bordo da pesquisadora e desenhos das crianças, levou a concluir que na vivência das crianças com aspectos da cultura científica, elas dão nomes diferentes à mesma coisa, criam formas de expressões para explicar o que pensam; pensam com lógicas diversas, entre o real e a fantasia; apresentam diferentes ideias sobre um mesmo elemento ou fenômeno decorrentes de suas experiências anteriores tendo como influências a família, a religião, a televisão e a observação da natureza. O comprometimento com suas ideias parece ser menor que os interesses afetivos e os comentários dos pares desencadeiam a argumentação, a reformulação da explicação ou a uma incorporação de novos elementos. No ato de investigar das crianças o mais importante é a própria interação e não a explicação do que se observa. Suas ações não se dão no sentido da assimilação de procedimentos e explicações, mas sim de criação. Neste sentido, é importante considerar o conhecimento científico como mais um dentre tantos outros advindos de outros domínios de experiências, sem caracterizá-lo como verdades absolutas.

ASSUNTO(S)

educação infantil cultura científica cultura infantil educacao early childhood education scientific culture childrens cultures

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