O Conhecimento de diferenças raciais pode evitar reações idiossincrásicas na anestesia?
AUTOR(ES)
Vale, Nilton Bezerra do, Delfino, José, Vale, Lúcio Flávio Bezerra do
FONTE
Revista Brasileira de Anestesiologia
DATA DE PUBLICAÇÃO
2003-04
RESUMO
JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS: No campo da variabilidade inter-étnica da resposta de drogas anestésicas e adjuvantes existem várias questões sem resposta. Estamos na iminência de sermos capazes de identificar diferenças raciais herdadas que podem prever a resposta de cada paciente aos anestésicos pelo atual desenvolvimento farmacogenético. CONTEÚDO: O conhecimento de fatores inter-étnicos que alteram a resposta à droga permitirá ao anestesiologista evitar reações idiossincrásicas: (1) Branco caucasiano - aumento do efeito diurético da dopamina; apnéia prolongada após succinilcolina ou mivacúrio; arritmias cardíacas após uso de halotano e catecolaminas na síndrome de Riley-Day; ataques agudos de porfiria após tiopental. (2) Negro americano: diferentes abordagens terapêuticas, hipertensão arterial essencial advêm da pior resposta aos anti-hipertensivos de IECA, inibidores do AT1, bloqueadores beta e à clonidina, contrastando com a melhor resposta anti-hipertensiva dos diuréticos, antagonistas de canais de cálcio e clarvedilol; ação vasodilatadora atenuada do isoproterenol (beta2) e uma maior resposta vasodilatadora à nitroglicerina sublingual; menor ação fibrinolítica do t-PA; recuperação mais lenta da anestesia venosa pela associação de remifentanil e propofol; menor glicuronidação do paracetamol e menos analgesia da codeína nos fracos metabolizadores (CYP2D6); a melanina retarda o início da analgesia epidérmica do creme anestésico EMLA; menor midríase pela adrenalina; maior broncoespasmo à metacolina em crianças asmáticas; deficit da G-6-PD nas hemácias eleva o risco de hemólise a drogas oxidativas (10% da população negra). (3) Asiáticos: alterações cinéticas tóxicas da meperidina e codeína; maior duração da ansiólise do diazepam; espasmo coronariano pela injeção de metilergonovina no pós-parto; inter-relação do receptor GABA, das desidrogenases e do comportamento de beber nipônico, contribui para sua maior sensibilidade etanólica. Isoenzimas do citocromo P450 apresentam polimorfismo genético no metabolismo de neuropsicotrópicos e a lenta acetilação da N-acetiltransferase na população equatorial (95%) aumenta a toxicidade de isoniazida e hidralazina. CONCLUSÕES: A presente revisão pretende dar algumas respostas específicas na área da idiossincrasia anestésica relacionada ao efeito da etnicidade sobre a farmacocinética, a farmacodinâmica das drogas e a segurança do paciente cirúrgico, objetivando otimizar uma neuropsicofarmacologia mais individualizada.
ASSUNTO(S)
Documentos Relacionados
- O compreender das diferenças individuais do alunos: uma forma de evitar o fracasso escolar
- Osteomalacia oncogênica: a perda de fosfatemia pode ser a chave para evitar o diagnóstico incorreto
- Gestão do conhecimento : o impacto das diferencas culturais na gestão do conhecimento das empresas
- COMO O CONHECIMENTO PODE IMPACTAR NA QUALIFICAÇÃO DA PRÁTICA EM ENFERMAGEM E SAÚDE?
- Diferenças raciais no padrão de gastos com educação: uma abordagem semiparamétrica