MANIFESTATIONS OF THE HEART: MEANINGS OF THE CARDIAC SURGERY FOR PRE AND POSTSURGICAL PATIENTS / MANIFESTOS DO CORAÇÃO: SIGNIFICADOS DA CIRURGIA CARDÍACA PARA PACIENTES PRÉ E PÓS-CIRÚRGICOS

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

25/03/2011

RESUMO

A cirurgia cardíaca é um evento de importantes consequências para a vida dos indivíduos que se submetem a ela, seja em relação a aspectos fisiológicos ou psíquicos. Partindo desse pressuposto, a pesquisa da qual se origina a presente dissertação teve como objetivo geral compreender os significados que pacientes pré e pós-cirúrgicos atribuem a suas vivências atuais. Trata-se de um estudo clínico-qualitativo, de caráter exploratório e descritivo, com 28 pacientes (15 pré-cirúrgicos e 13 pós-cirúrgicos), usuários de um ambulatório de cardiologia de um hospital universitário do interior do Rio Grande do Sul. O número de participantes foi atingido mediante o critério de saturação da amostra. Foram utilizadas entrevistas semi-estruturadas e a autofotografia para a coleta das informações, que foram analisadas por meio da análise de conteúdo e com o auxílio de um roteiro para a análise do conteúdo das imagens. As categorias oriundas da análise dos dados são descritas e discutidas em quatro artigos, que compõem o cerne do presente trabalho. Os resultados apontam que a cirurgia não mobiliza apenas o corpo físico, mas que diz respeito a mudanças nas significações dos sujeitos sobre si mesmos e sobre os outros. Identificou-se que a aceitação do adoecimento cardíaco é um processo complexo, que envolve um compromisso entre universos simbólicos diferentes e que está implicado, para o paciente, na impossibilidade de desempenho de sua rotina. Os sintomas da doença não são, na maioria das vezes, perceptíveis aos olhos do paciente. Esse deve aceitar que outro fale dele e de sua condição através de exames e consultas médicas. Além disso, aceitar o adoecimento é também aceitar a finitude da vida e da potencialidade do corpo. Tal aceitação parece se dar sempre de forma ambivalente, sendo que a confrontação com a realidade intensifica-se quando existe a indicação para o procedimento cirúrgico. A cirurgia desperta fantasias e medos que permeiam os planos e a rotina, remetendo os participantes a uma situação-limite, em que vida e morte estão em jogo. Após o procedimento, o que parece estar em jogo é um processo de reconhecimento de si mesmo, dos limites do corpo. Trata-se da vivência de um processo de adequação das expectativas anteriores à cirurgia, que parece depender intrinsecamente das referências de cada um sobre o processo. Dessa forma, parecem existir movimentos reflexivos importantes, que fazem com que os sujeitos possam fazer uma avaliação de suas vidas e de suas implicações enquanto protagonistas delas. A religiosidade parece atravessar muitas das experiências relatadas, de forma que os participantes lançam mão de suas crenças para buscarem um sentido para o que vivenciam. A partir desses apontamentos, considera-se que a vivência do processo cirúrgico diz respeito a uma experiência marcada por intensos sentimentos de desamparo e sofrimento. Portanto, os significados que permeiam esta realidade devem ser mais amplamente compreendidos pela equipe de saúde que acompanha tais pacientes. Dessa forma, pode ser construído um saber que circule na interface entre os universos médico e leigo, que possa formatar um compromisso entre elas, amparando os pacientes no enfrentamento do processo cirúrgico.

ASSUNTO(S)

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