Opioides e imunossupressão em pacientes oncológicos pós-cirúrgicos

AUTOR(ES)
FONTE

Rev. Assoc. Med. Bras.

DATA DE PUBLICAÇÃO

2017

RESUMO

Resumo Introdução: Recentes pesquisas utilizando animais demonstraram efeitos imunossupressores depois da suspensão de opiáceos, associados a um maior risco de infecção nosocomial. O objetivo desta investigação foi determinar o impacto da interrupção do opioide remifentanilo em uma Unidade de Reanimação Pós-cirúrgica (URP) nas infecções associadas aos cuidados da saúde depois de uma pauta de sedoanalgesia de ao menos 6 dias. Método: Foram relacionados de forma consecutiva todos os pacientes maiores de 18 anos com internação na unidade superior a 4 dias. A população investigada foi aquela afetada por patologia cirúrgica de qualquer origem, na qual a sedação esteve baseada em qualquer hipnótico e como analgésico, foi utilizado o opioide remifentanilo durante pelo menos 96 horas em perfusão contínua. Foram excluídos os pacientes que faleceram durante a internação na unidade e aqueles com analgesia combinada (bloqueios periféricos ou neuroaxiais). Foi realizada uma análise bivariante para determinar fatores de risco para a infecção adquirida na unidade. Foi realizada uma investigação comparativa entre períodos dos 6 dias anteriores e posteriores à interrupção de remifentanilo. Utilizamos o teste de amostras pareadas e a prova de McNemar para as variáveis quantitativas e categóricas, respectivamente. Resultados: O número de pacientes internados na URP durante o período de investigação foi de 1.789. Depois de aplicar os critérios de inclusão e exclusão, a população elegível ficou constituída por 102 pacientes. A densidade de incidência de infecção de forma global foi de 38 por cada 1.000 dias de internamento. A pneumonia associada à ventilação mecânica foi a infecção adquirida mais frequente e Pseudomona aeruginosa, o micro-organismo mais frequentemente isolado. A mortalidade hospitalar foi de 36,27%. Não foram observadas diferenças estatisticamente significativas na incidência de IACS em pacientes oncológicos em relação à descontinuação de remifentanilo (p=0,068). Conclusão: O estado basal de imunossupressão dos pacientes oncológicos não implica uma maior incidência de IACS em relação à interrupção do remifentanilo. Seria interessante a realização de uma investigação multicêntrica de URP que incluísse padrões imunológicos.

ASSUNTO(S)

remifentanilo morfina opiáceos infecções nosocomiais infecção associada aos cuidados da saúde síndrome abstinência imunossupressão cuidados críticos mortalidade.

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