Jogos imaginarios : uma analise discursiva de cursos de atualização do professor de lingua estrangeira
AUTOR(ES)
Elzira Yoko Uyeno
DATA DE PUBLICAÇÃO
1995
RESUMO
Objetivando contribuir para a reflexão sobre o processo de formação continuada do professor, e para o ensino de LE, em particular, buscou-se rastrear na materialidade lingüística, manifestada pelos participantes da interação de cursos de atualização, o imaginário discursivo que constitui as condições de produção, por sua vez, atravessadas pelo momento históricosocial. Mais especificamente, objetivou-se saber como as formações imaginárias afetam a formação do professor-aluno. Para tanto, foram analisadas gravações em áudio das interações estabelecidas nesses cursos, num total de quarenta e cinco horas. Para que se pudesse embasar e confrontar o que é dito nessas interações e o que se pensa que se faz, foram associadas a essas falas respostas a um questionário dirigido aos professores-alunos. Numa visão pós-saussariana, implicando em estabelecer uma ruptura com a dicotomia língua/fala, da língua enquanto fenômeno social e da fala, enquanto fenômeno individual, abandonou-se a problemática centrada sobre o sujeito falante, para uma problemática dos sistemas de representação. Partindo-se do componente situacional, chegou-se à análise do componente lingüístico propriamente dito, tendo sido analisado o tempo, a pessoa e a modalidade como manifestações do jogo imaginário, cujas enunciações demonstraram não serem produzidas por um determinado sujeito, mas correlatas de uma certa posição sociológica na qual os enunciadores se revelam substituíveis. A atividade discursiva produzida nos cursos de atualização revelouse, assim, restringida pelo quadro institucional nos quais se cristalizam conflitos históricos, sociais, que delimitam um espaço próprio, em decorrência de um jogo tácito, socialmente adquirido de representações ou de imagens, cujas regras previamente estabelecidas são tacitamente aceitas pelos actantes, ao mesmo tempo em que deles dependem. Esse jogo garante o funcionamento orgânico dos cursos de atualização, ao mesmo tempo em que legitima o conteúdo veiculado, portanto, autorizado e, como tal inquestionado, sobretudo porque representa o saber aceito e mantido pela formação social. Esse jogo mantém, também, aparentemente inalterado e reproduz o paradigma tradicional da situação pedagógica de sala de aula, bem como o caráter de treinamento desses cursos, não promovendo o deslocamento pretendido. Esse aparente detenninismo dos jogos discursivos produzidos nessa interação, no entanto, não consegue apagar a inefabitidade queeixa resvalar sua vontade de ser aceito como um ser livre e não apenas sujeitos substituíves. Levar o professor a refletir sobre o próprio trabalho, investigando suas contradições e buscando alternativas para o seu dia-a-dia, deve ser objetivo que progressivamente venha a substituir, em projetos educacionais, o mero treinamento de habilidades ou procedimentos previamente estabelecidos pelos especialistas
ASSUNTO(S)
linguistica aplicada analise do discurso aquisição da segunda linguagem professores de linguas
ACESSO AO ARTIGO
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