Intolerância à glicose em pacientes com fibrose cística : características clínicas, função pulmonar e capacidade ao exercício

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

Objetivos: Determinar a relação entre nível glicêmico e estado clínico (escore de Shwachman-Kulczycki), testes de função pulmonar e teste de caminhada de seis minutos (TC6) em pacientes com fibrose cística (FC). Métodos: Estudo transversal e prospectivo em pacientes com FC (12 anos ou mais) com estabilidade clínica da doença, atendidos em Programa Pediátrico e em Programa para Adultos com FC. Os pacientes foram submetidos à avaliação clínica, à avaliação nutricional, a teste oral de tolerância à glicose (TOTG), a testes de função pulmonar e a TC6. Os pacientes foram classificados como tendo tolerância normal à glicose (TNG), intolerância à glicose (IG) ou diabete melito relacionado à FC (DMRFC). Resultados: O estudo incluiu 73 pacientes (35 femininos e 38 masculinos) com média de idade de 20,4 ± 7,1 anos. Foram identificados 52 pacientes com TGN, 11 com IG e 10 com DMRFC. Houve associação significativa entre a classificação de tolerância à glicose e o escore clínico de S-K (p = 0,018), insuficiência pancreática (p = 0,030), infecção bacteriana por Staphylococcus aureus (p = 0,004), saturação periférica de oxigênio (SpO2) em repouso (p = 0,012), SpO2 no final do TC6 (p = 0,018) e com a diferença entre a SpO2 no início e no final do TC6 (ΔSpO2) (p = 0,048). Não houve associação significativa entre o nível glicêmico e a idade (p = 0,431), gênero (p = 0,144), índice de massa corporal (p = 0,665), classificação nutricional (p = 0,155), infecção por Pseudomonas aeruginosa (p = 0,149) e Burkholderia cepacia (p = 0,176), distância percorrida no TC6 (p = 0,698), volume expiratório forçado no primeiro segundo (VEF1) % previsto (p = 0,158), capacidade vital forçada (CVF) % previsto (p = 0,490), pressão inspiratória máxima (PImáx) % previsto (p = 0,630) e pressão expiratória máxima (PEmáx) % previsto (p = 0,155). A análise das correlações mostrou que o nível de glicemia correlacionou-se significativamente com a SpO2 em repouso (r = -0,26; p = 0,031), VEF1 % previsto (r = -0,27; p = 0,026), VEF1/CVF % previsto (r = -0,33; p = 0,007) e escore clínico de S-K (r = -0,34; p = 0,005) e não foi significativamente correlacionado com PImáx % previsto (r = -0,15; p = 0,234), PEmáx % previsto (r = - 0,08; p = 0,531), CVF % previsto (r = -0,17; p = 0,172), distância percorrida no TC6 (r = -0,06; p = 0,615), SpO2 no final do TC6 (r = -0,21; p = 0,084) e dessaturação no TC6 (r = 0.15; p = 0.213) Conclusão: Este trabalho demonstrou que, em pacientes com FC, o grau da intolerância à glicose correlacionou-se com pior escore clínico e com pior função pulmonar. A intolerância à glicose não se correlacionou com a distância percorrida no TC6, mas os pacientes com IG tiveram maior dessaturação durante o exercício. Além disso, a intolerância à glicose foi fortemente associada à insuficiência pancreática.

ASSUNTO(S)

fibrose cística diabetes mellitus diagnóstico exercício testes de função respiratória

Documentos Relacionados