Inquérito sorológico, busca ambiental e análise clínico-laboratorial de Histoplasma capsulatum var. capsulatum em animais do Estado do Ceará. / A serological survey seeking environmental and clinical-laboratory analysis of Histoplasma capsulatum var. capsulatum in animals in the state of Ceara.

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

03/12/2010

RESUMO

A histoplasmose é causada pelo fungo dimórfico e saprófita Histoplasma capsulatum var. capsulatum. Apesar do caráter endêmico da histoplasmose em humanos no Brasil, dados sobre a ocorrência dessa micose em animais são escassos. A origem ambiental da infecção para humanos e animais em certas regiões permanece desconhecida, bem como a prevalência da infecção em animais. Apesar da doença não ser zoonose, os animais devem ser investigados, pois podem funcionar como marcadores geográficos indicativos da presença do fungo na região. No Nordeste do Brasil, ocorre co-existência entre histoplasmose e leishmaniose visceral em humanos, por isso foi investigada evidência sorológica de H. capsulatum em canídeos com leishmaniose e em felídeos, considerando que esses animais poderiam atuar como sentinelas para a histoplasmose. O primeiro objetivo do estudo foi traçar um perfil soroepidemiológico quanto à presença deste fungo no Estado por meio de inquérito sorológico em canídeos e felídeos. Para tanto, foram coletadas 224 amostras de soro de cães, 1 de raposa, 131 de felinos domésticos e 6 de felinos selvagens e testadas para a presença de anticorpos contra H. capsulatum, através de imunodifusão. Dos cães testados, quatro (1,78%) amostras foram positivas para a presença de anticorpos contra H. capsulatum e todas as amostras de gatos e animais selvagens foram negativas. O segundo objetivo foi a busca ativa de H. capsulatum no solo e em morcegos, caracterizando a busca ambiental. Nesta etapa, 55 morcegos foram capturados. Amostras de solo dos locais onde esses animais foram capturados também foram processadas, com o intuito de se isolar o fungo do ambiente. Baço, fígado e pulmão dos morcegos capturados e amostras de solos coletados não exibiram crescimento de H. capsulatum. O terceiro objetivo foi apresentar três casos de histoplasmose em felinos e descrever as características fenotípicas das cepas isoladas. Os felinos apresentaram lesões de pele ulceradas e nodulares e desordens respiratórias como os principais sinais clínicos. Análises morfológicas das cepas isoladas confirmaram a identificação de H. capsulatum. A reação de PCR específica para a proteína de 100 KDa do H. capsulatum mostrou uma banda de 391 pb, que é compatível com o achado micológico. O teste de sensibilidade antifúngico mostrou que as concentrações inibitórias mínimas (CIMs) encontradas para a fase filamentosa das cepas variaram de 0,06 a 0,25; 0,004 a 0,06; 0,12 e 4,0 a 8,0 μg/ ml para anfotericina B, itraconazol, voriconazol e caspofungina, respectivamente. Já para a fase leveduriforme as CIMs variaram de 0,06 a 0,12; 0,016 a 0,03; 0,002 a 0,004 e 0,5 a 2,0 μg/ ml para anfotericina B, itraconazol, voriconazol e caspofungina, respectivamente. Para o sulfametoxazol-trimetoprim, os resultados variaram de 0,08/0,016 a 0,3/0,06 mg/ ml para a fase filamentosa e de 5/1 a 20/4 mg/ ml para a fase leveduriforme. Neste estudo, apesar da baixa positividade (1,78%), foi confirmada evidência imunológica da co-existência de histoplasmose e leishmaniose em cães vivendo em áreas urbanas, podendo os caninos serem utilizados como sentinela da exposição ao H. capsulatum. Não foram recuperadas cepas de H. capsulatum a partir dos quirópteros ou de solo coletados, necessitando de buscas ambientais adicionais a fim de se estabelecer a origem da infecção para homens e animais. As apresentações clínicas observadas em felinos e as características morfológicas encontradas para as cepas fúngicas isoladas, como apresentação macro e micromorfológica em ágar batata e Sabouraud, e perfil de sensibilidade antifúngico com baixas CIMs para anfotericina B, itraconazol e voriconazol e altas CIMs para caspofungina, corroboram os achados da literatura. As baixas CIMs observadas in vitro para sulfametoxazoltrimetoprim para H. capsulatum criam perspectivas para o uso in vivo da droga em animais.

ASSUNTO(S)

histoplasma capsulatum histoplasmose cães gatos morcegos imunodifusão teste de sensibilidade clinica veterinaria histoplasma capsulatum histoplasmosis dogs cats bats immunodiffusion susceptibility test

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