Homogalactanas sulfatadas da macroalga verde Codium isthmocladum: aspectos estruturais e farmacológicos

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

26/01/2011

RESUMO

Galactanas e o termo utilizado para designar polissacarideos que contem galactose. Homogalactanas sulfatadas, SG 1 e SG 2, foram extraidas de macroalga marinha verde Codium isthmocladum apos proteolise, fracionamento por acetona a frio e cromatografia de troca-ionica. A massa molecular foi determinada por cromatografia de gel-filtracao em HPLC e deteccao por indice de refracao e UV, sendo que SG 1 apresenta massa molecular media ao redor de 12 kDa e SG 2 de 15,0 kDa. Analises estruturais empregando tecnicas de metilacao e acetilacao do polissacarideos seguida de hidrolise acida e avaliacao dos produtos por GLC-MS e de ressonancia magnetica nuclear 1D e 2D dos polissacarideos nativos e dessulfatados, mostraram que as SGs tem estrutura semelhantes sendo diferenciadas somente em relacao ao conteudo e posicao dos grupos sulfato e tamanho das cadeia de acucar. Cerca de 80% das SGs e composta por unidades 3-À-D-Galp-1, sendo a maioria substituida por ester de sulfato na posicao C-4. Ainda estas SGs possuem em menores quantidades unidades 3-À-D-Galp- 4,6di(SO4)-1, ramificacoes 6-À-D-Galp-4(SO4)-1 e uma substituicao caracteristica dos terminais nao redutores, presenca de piruvato ciclico formando a unidade 3,4- O-(1f-carboxi)-etilideno-À-D-Galp-1. Nos testes de coagulacao empregando plasma citratado e sangue total (aPTT, PT, Heptest, TT e ACT) as SGs nao apresentaram atividade anticoagulante, bem como acao na atividade de trombina e Xa. Ja em sistema purificado na presenca de AT, esses polissacarideos modularam a atividade da trombina e Xa. Ainda, foi observado efeito sinergico das SGs sobre a acao da heparina e SGs nos em diferentes modelos. A SGs, em concentracoes as quais nao possuem atividade anticoagulante per se, foram capazes de potencializar a atividade anticoagulante da heparina, indicando que essas galactanas possuem, por meios ainda nao descritos na literatura, alto efeito anticoagulante indireto. Em ensaios de medida da fluorescencia intrinseca do triptofano, ficou demonstrado que as SGs interagem com a serpina, AT, e com as serino-proteases, trombina e Xa com kD na faixa de nM, semelhantes aos descritos para heparina. As SGs nao apresentaram efeito hemorragico, contrastando com a potente ação anti-hemostática observada para heparina. Em modelos animais de trombose venosa, não foi observado efeito antitrombótico para as SGs aplicadas logo após a indução da formação de trombo. SGs não afetam a viabilidade de células normais (endoteliais e fibroblastos) e tumorais (Caco 2, HCT116 e PC3), com exceção de células DU145. Não apresentam efeito na proliferação celular de células endoteliais, e em altas doses inibem a proliferação de Caco-2, PC3 e DU 145. SGs induzem aumento na síntese do heparam sulfato antitrombótico secretado para o meio de células endoteliais, como descrito para heparina. SGs inibem a adesão de células endoteliais plaqueadas sobre laminina e nenhum efeito na adesão a fibronectina. SGs inibem a migração de células endoteliais, e a formação de estruturas tipo capilar quando estas células são cultivadas em Matrigel. As SGs interagem com moléculas da superfície e são internalizadas por células endoteliais. Os resultados nos permitem concluir que as SGs apresentam potente efeito anti-angiogênico, o que somado à ausência de efeito hemorrágico in vivo coloca essas galactanas sulfatadas como potenciais agentes para uso na inibição da neovascularização. A heparina também apresentou efeito, no entanto frente à sua atividade hemorrágica, seu uso fica limitado.

ASSUNTO(S)

polissacarídeos sulfatados homogalactanas macroalgas atividades farmacológicas biologia molecular

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