Homens doentes renais crônicos em hemodiálise : a vida que poucos veem

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

2011

RESUMO

Esta tese trata sobre as (re)construções identitárias de homens ao se tornarem portadores da doença renal crônica e sobre suas relações com o cuidado. A doença é percebida como um construto cultural em sua conexão com gênero/masculinidade, ainda pouco visualizada nos estudos da área da saúde. O referencial teórico-metodológico que orienta as análises situa-se nos campos dos estudos culturais, de gênero, da enfermagem e da sociologia da saúde. Os objetivos foram compreender as trajetórias identitárias de homens doentes renais crônicos e entender como o gênero constitui e marca essas trajetórias, assim como descrever e problematizar as estratégias que homens doentes renais crônicos desenvolvem para lidar com a doença e com a nova identidade que assumem. Desenvolveu-se um trabalho de campo, utilizando alguns procedimentos de investigação etnográfica. Por sete meses, um grupo de nove homens foi acompanhado durante suas sessões de tratamento substitutivo renal, a hemodiálise: nos primeiros três meses, através da observação participante de todo o contexto da unidade renal e, posteriormente, mediante entrevistas em profundidade com pacientes e suas cuidadoras domiciliares. Assim, foi constituído e organizado o material empírico que possibilitou as análises deste estudo. Tal movimento analítico possibilitou descrever e problematizar o processo saúde/doença e seus efeitos na vida desses homens: as alterações corporais, os medos da morte e de depender da máquina, os riscos e as incertezas do tratamento, as perdas no trabalho e a reconfiguração de suas masculinidades. Foi possível, também, descrever e analisar os suportes que organizam, cuidam e governam suas vidas durante o processo de tornarem-se doentes, bem como os processos através dos quais eles se (re)constroem como homens, em sua nova identidade de doente renal crônico, com formas de cuidados de si e reorganização de vida, trabalho, relações e apegos. Como resultados, identificou-se que tais pacientes demoram a tomar consciência desse processo: sofrem, questionam-se, brigam consigo mesmos, com as pessoas próximas e com a máquina. A possibilidade da morte passa a estar sempre presente, por isso reorganizam suas vidas em torno de objetivos pequenos, alcançáveis em menos tempo. Voltam-se, então, para a família e para a clínica em que fazem seu tratamento, mas com dificuldades de se adaptar a esses espaços que acreditam não lhes pertencer. E, muito lentamente, vão (re)construindo suas identidades.

ASSUNTO(S)

culture masculinidad gender insuficiência renal crônica masculinity cuidado identity cultura care masculinidade chronic renal failure identidade men s health cultura género identidad insuficiencia renal crónica salud del hombre saúde do homem

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