Estudo da variabilidade circadiana da temperatura corporal e ciclo vigília-sono do estudante trabalhador noturno / Study of circadian variability of body temperature and sleep-wake cycle student night shift worker

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

16/02/2011

RESUMO

Introdução: Devido à crescente industrialização da sociedade, torna-se cada vez mais comum o trabalho em turnos, bem como o desenvolvimento do trabalho noturno, porém com pronunciado efeito negativo no sono, desempenho e saúde. Objetivo: Investigar os padrões do ciclo vigília-sono e a ritmicidade circadiana da temperatura corporal periférica, através das medidas tomadas no punho, do estudante de enfermagem do período diurno que trabalha no turno noturno. Método: Estudo longitudinal descritivo, com enfoque quantitativo, em que participaram 27 sujeitos adultos, auxiliares e técnicos de enfermagem que trabalhavam no turno noturno, e que eram alunos do curso de graduação em Enfermagem de uma faculdade particular do interior paulista, no período diurno. Foram utilizados os seguintes instrumentos: Ficha de Identificação, Questionário de Indivíduos Matutinos e Vespertinos (HO), Questionário de Sonolência de Epworth, Diário de Sono, durante 32 dias, divididos em período letivo e férias, e um termistor (Thermochron iButton®) no punho da mão não dominante, para verificação de temperatura do punho a cada 30 minutos. Resultados: Quanto ao ajuste dos dados de temperatura do punho a uma curva cosseno, com um período de 24 horas, foi verificada ritmicidade significante em 35,3% dos sujeitos no período letivo e em 93,7% dos sujeitos no período de férias, além da existência de ritmos diferentes de 24 horas, como de 12 e 16 horas. A média da amplitude rítmica da temperatura do punho foi menor no período letivo quando comparado ao período de férias. Houve diferença estatisticamente significativa no horário em que ocorreu a acrofase, quando comparado o período letivo sem trabalho e com trabalho (p<0,0001), período de férias sem trabalho e férias com trabalho (p<0,0001). Quanto ao tempo de sono, no período de férias, foi maior quando comparado ao letivo, assim como nos dias sem trabalho e nos dias em que não dormiram imediatamente após o trabalho noturno. Verificou-se diferença significativa quando comparado o tempo de sono no período de férias sem trabalho (8:34h) e período letivo sem trabalho (7:24h), com p<0,0001, e ainda nas férias com trabalho (5:11h) e letivo com trabalho (4:19h), com p=0,0496. Quanto à Meia Fase do Sono (MFS), houve diferença estatisticamente significativa entre os períodos letivo e férias com e sem trabalho. Os sujeitos apresentaram escores de sonolência entre 7,2 e 15,9, com média de 11,4, caracterizando prevalência de sonolência diurna excessiva. Conclusão: Verificou-se redução das horas de sono do estudante trabalhador noturno, devido a necessidade de frequentar as aulas no período matutino. Observou-se a presença de ritmos diferentes de 24 horas, especialmente durante o período letivo, e o deslocamento de fase da temperatura do punho, de acordo com a jornada de trabalho/estudo, com oposição de fase nos dias com trabalho quando comparado aos dias sem trabalho noturno. A maior potência espectral foi verificada no ritmo de 24 horas, tanto no período letivo como durante as férias, confirmando a hipótese de que a região do punho apresenta expressão rítmica bem definida e robusta. Os achados reforçam a ideia de que o estudo favorece o estabelecimento de rotina, porém pouco influencia no deslocamento da temperatura corporal, que demonstrou ser fortemente influenciada pelo trabalho noturno. Semelhantemente à acrofase, a meia fase do sono apresentou grande diversidade nos horários de ocorrência, porém com relação de fase mantida entre os ritmos, nos diferentes momentos do estudo.

ASSUNTO(S)

trabalho noturno ritmo circadiano enfermagem sono night shift work circadian rhythm nursing sleep

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