Estudo da degeneração Walleriana em camundongos isogenicos das linhagens C57BL/6J e A/J

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2002

RESUMO

A axotomia em um nervo periférico leva ao desencadeamento do processo degenerativo na porção distal à lesão, denominado degeneração Walleriana (DW). Macrófagos e células de Schwann fagocitam e removem os axônios e a mielina em degradação. Além disso, tais células também são responsáveis pela preparação do microambiente adequado à regeneração axonal, através da produção de moléculas com propriedades neurotróficas e neurotópicas. Dentre essas moléculas destacamse as citocinas, produzidas principalmente pelos macrófagos, os fatores neurotróficos e componentes da matriz extracelular, produzidos pelas células de Schwann. Recentemente, foram obtidas evidências de que o óxido nítrico (NO) estaria também envolvido no desenvolvimento da DW e, conseqüentemente, no processo de regeneração axonaL Contudo, pouco ainda se sabe sobre a participação dos macrófagos e células de Schwann na produção do NO no decurso da DW. Alguns trabalhos relataram que camundongos adultos da linhagem C57BU6J apresentam menor capacidade regenerativa axonal, após lesão do nervo ciático, quando comparados a outras linhagens isogênicas. O objetivo deste trabalho foi investigar possíveis diferenças no padrão temporal degenerativo das linhagens C57BU6J e AIJ, utilizando o modelo de seção do nervo ciática e impedindo-o de regenerar. Neste sentido, analisamos inicialmente o desaparecimento dos neurofilamentos axonais, a fragmentação e degradação da bainha de mielina e a atividade da NADPH-diaforase no coto distal do nervo após 1, 3, 5 e 7 días da axotomia. A quantificação estereológica dos neurofilamentos marcados imunoistoquimicamente mostrou que a defosforilação e degradação são mais precoces na linhagem C57BU6J do que na linhagem AIJ. A histoquímíca do Sudan BJack não revelou diferenças temporais na fragmentação da bainha de mielina entre as linhagens. Porém, evidenciou a presença de um maior número de células envolvidas na degradação da mielina nos camundongos C57BU6J, 3 e 5 dias após a lesão. Por sua vez, a técnica histoquímica para NADPH-diaforase, indicadora da produção de NO, revelou que células presentes no coto distal em degeneração expressaram atividade NADPH-diaforase do 1° ao 7° dia após axotomia, em ambas as linhagens. Contudo, 5 dias após a lesão, as células NADPH-diaforase positivas na linhagem C57BU6J apresentaram, predominantemente, uma marcação intensa e bem delimitada, ao passo que na linhagem AlJ foram mais abundantes aquelas com marcação granular e dispersa. Com o objetivo de melhor compreender a participação do NO na DW, utilizamos técnicas de imunofluorescência e microscopia confocal para identificar as células envolvidas na produção de NO e também analisar a expressão temporal e espacial da isoforma induzível da óxido nítrico sintase (iNOS) após a seção do nervo ciático. Observou-se que a imunoreatividade para iNOS foi intensa em macrófagos e menos evidente nas células de Schwann, estando presente em ambos tipos celulares desde o 10 ao 70 dia após a lesão, para ambas linhagens. Contudo, os macrófagos constituíram o mais abundante contingente celular expressando iNOS. Além disso, na linhagem C57BU6J parece ter havido um ligeiro retardo para o início do recrutamento e ativação dos macrófagos quanto à expressão de iNOS no decorrer da DW, comparativamente à linhagem AIJ. Nossos resultados revelaram diferenças entre as linhagens AIJ e C57BU6J quanto a importantes eventos da DWe que parecem refletir diferentes propriedades intrínsicas dos axônios, bem como diferenças comportamentais em algumas células, talvez sob a ação de citocinas. Tais diferenças entre as linhagens devem ser consideradas em trabalhos de degeneração e regeneração nervosa periférica

ASSUNTO(S)

degeneração oxido nitrico microscopio e microscopia

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