Escola e matemática escolar: mecanismos de regulação sobre sujeitos escolares de uma localidade rural de colonização alemã no Rio Grande do Sul

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2007

RESUMO

Esta tese é fruto de uma pesquisa realizada com o objetivo de analisar os discursos sobre a escola e a matemática escolar de um grupo de colonos, descendentes de alemães e evangélico-luteranos, que freqüentavam uma escola rural do município de Estrela-RS, quando da efetivação dos decretos que instituíram a Campanha de Nacionalização uma das medidas do Estado Novo (1937-1945), implementado no Brasil por Getúlio Vargas. Os aportes teóricos que sustentam a investigação são as teorizações pós-estruturalistas, na vertente vinculada ao pensamento de Michel Foucault, e o campo da Etnomatemática, em uma perspectiva construída com o apoio das formulações de Ludwig Wittgenstein em sua obra Investigações Filosóficas. O material de pesquisa examinado consiste em: narrativas produzidas por três mulheres e quatro homens que estudaram naquela escola no período enfocado; cartilhas de matemática e cadernos de cópia e ditado usados na referida instituição; e o texto, intitulado As escolas do passado, elaborado por um dos participantes da pesquisa. O exercício analítico levado a efeito com o uso das ferramentas teóricas selecionadas mostrou que tecnologias de poder foram sendo postas em funcionamento sobre os descendentes de alemães no Estado, por meio da Campanha de Nacionalização e da instituição escolar, atuando na gestão da população e no disciplinamento dos corpos dos escolares, subjetivando-os e constituindo-os como sujeitos de um modo específico. Também permitiu afirmar que a linguagem da matemática escolar instituía-se por uma gramática que fazia uso de regras que diziam da importância de decorar a tabuada e de efetuar as operações de determinadas maneiras, engendrando critérios de racionalidade específicos. Tais critérios regulavam a forma de os estudantes se apropriarem do conhecimento matemático. Além disso, a análise do material de pesquisa evidenciou que a matemática escolar posta em ação na escola estudada também engendrava mecanismos de regulação do pensamento, por meio da imposição de uma língua para comunicação na escola, das atividades pedagógicas e do próprio conhecimento matemático. O exame realizado permite afirmar que na escola foram sendo geradas formas particulares de efetuar as operações matemáticas e de resolver problemas. Assim, é possível destacar que a matemática escolar produzia modos específicos de pensar e agir na escola e na sociedade, atuando, então, como uma tecnologia de regulação da população infantil

ASSUNTO(S)

school mathematics nacionalização colono teuto-brasileiro nationalization campaign etnomatemática ensino ethnomathematics história nacionalização post-structuralist theorizations matemática imigração alemã educacao

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