Epidemiologia da giardíase e de geohelmintoses como doenças tropicais negligenciadas em três municípios da Zona da Mata Mineira

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2010

RESUMO

Doenças tropicais negligenciadas (DTNs), assim classificadas pela Organização Mundial de Saúde, constituem um grupo de infecções praticamente eliminadas no mundo desenvolvido, mas que persistem em áreas pobres de países de baixa renda. Dentre elas estão a ascaridíase, a tricuríase e a ancilostomíase, cujos agentes etiológicos têm parte de seu ciclo evolutivo passando pelo solo, e são, por isso, denominadas de geohelmintoses. Recentemente, a giardíase também foi incluída como DTN, uma vez que sua forma de transmissão pode ser associada com falta de saneamento. Este estudo transversal de base populacional visou à investigação da ocorrência dessas parasitoses em três municípios do sudeste de Minas Gerais. Para tanto, 2367 indivíduos foram selecionados aleatoriamente. Os dados foram obtidos por meio de um questionário estruturado acerca das condições socioeconômicas, ambientais e culturais da população amostral e do exame de uma única amostra fecal de cada participante, pelo método de sedimentação espontânea (HPJ). Para cada amostra fecal foram examinadas cinco lâminas, e concluiu-se que o exame de três lâminas por amostra expressou a melhor relação custo-benefício para o SUS. A análise dos resultados mostrou que 6,1% (n=145) da população amostral estava infectada com uma ou duas DTNs. Dentre os indivíduos infectados, as prevalências observadas para ancilostomídeos, G. lamblia, T. trichiura e A. lumbricoides foram 47,3%, 27,3%, 16,0% e 9,3%, respectivamente. Na análise bivariada dos dados (p<0,05; IC 95%), o teste do Qui-quadrado de Pearson foi usado para avaliar a força das possíveis associações entre as variáveis independentes e o desfecho. Na análise de regressão logística, quatro variáveis permaneceram estatisticamente significantes, sugerindo serem os possíveis fatores de risco para as DTNs nos municípios: o destino inadequado do esgoto (p<0,001), o hábito de beber água não potável (p<0,001), a falta de instalação sanitária adequada (p=0,015) e pertencer ao sexo masculino (p<0,001). Os resultados encontrados neste estudo nos permitem concluir que DTNs estão presentes mesmo em regiões mais desenvolvidas do Brasil. O número de pessoas parasitadas confirma a área como de baixa endemicidade para geohelmintoses e giardíase em relação a outras regiões do Estado, e justifica estudos que avancem no conhecimento do perfil epidemiológico da região e subsidiem o desenvolvimento de políticas públicas locais

ASSUNTO(S)

geohelmintoses epidemiology giardíase epidemiologia dtns ntds giardiasis soil-transmitted helminthiasis epidemiologia

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