Efeitos genotóxicos e citotóxicos do herbicida glifosato e do produto formulado Roundup Transorb® para um peixe neotropical : testes in vivo e in vitro

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

28/02/2011

RESUMO

Este trabalho foi desenvolvido para investigar se o glifosato e seu produto formulado o herbicida Roundup Transorb® (RT) causam danos à molécula de DNA do peixe Prochilodus lineatus por meio de testes in vivo e in vitro. Nos ensaios in vivo foram utilizados o ensaio do cometa (em eritrócitos e células branquiais), o teste do micronúcleo e outras alterações eritrocíticas nucleares (AEN). Nos ensaios in vitro realizados com eritrócitos, além do ensaio do cometa, foram utilizados o ensaio de difusão do DNA para avaliar a ocorrência de apoptose e necrose, produção de espécies reativas de oxigênio (ERO), avaliação da capacidade antioxidante (CAO) e o tempo de retenção do vermelho neutro (TRVN). Nos testes in vivo foram utilizados juvenis de P. lineatus expostos a duas concentrações (1 e 5 mg.L-1) de glifosato e RT ou apenas à água desclorada (controle negativo ou CN), durante 6, 24 e 96 h. Para os testes in vitro foram utilizados eritrócitos da mesma espécie de peixe expostos às mesmas concentrações dos dois agroquímicos, nos tempos de 1, 3 e 6 h. Como controle negativo (CN) foram utilizadas células expostas apenas à solução salina. Os resultados do ensaio do cometa obtidos nos testes in vivo mostraram que os eritrócitos dos peixes expostos ao glifosato, por 6 e 96 h, e ao RT, por 24 e 96 h, nas duas concentrações, apresentaram escore de danos no DNA significativamente maior que os respectivos CN. Para as células branquiais o glifosato foi genotóxico apenas após 6 h, na maior concentração, e o RT apenas em 24, nas duas concentrações testadas. No teste do micronúcleo tanto o glifosato quanto o RT não induziram a ocorrência de MN nos eritrócitos, tão pouco a ocorrência de outras AEN foi significativamente maior que no CN. Assim, tanto o glifosato quanto o RT causaram danos à molécula de DNA de P. lineatus, mas de forma mais acentuada nos eritrócitos do que nas células branquiais. Por outro lado, o princípio ativo e o produto formulado não exerceram efeito mutagênico no DNA dos eritrócitos. Os resultados do ensaio do cometa dos testes in vitro revelaram aumento significativo no escore de danos, em relação ao CN, após 1 h de exposição na menor concentração de glifosato, e nos três tempos de exposição às duas concentrações de RT. O ensaio que detecta a produção de ERO mostrou aumento de ERO e da CAO, em relação ao CN, após 1 h de exposição à 1mg.L-1 de glifosato e aumento de ERO e diminuição da CAO, também em comparação ao CN, após 1 h de exposição à 5mg.L-1 de RT. As análises do ensaio de difusão do DNA não revelaram aumento da ocorrência de células apoptóticas e/ou necróticas nos grupos expostos do glifosato e ao RT. E o TRVN mostrou diminuição da estabilidade dos lisossomos expostos a 5 mg.L-1 de glifosato após 3 e 6 h e às duas concentrações de RT a partir de 1 h. Os resultados do ensaio do cometa mostraram que o RT tem um efeito maior sobre os eritrócitos de P. lineatus, quando comparado com seu princípio ativo. Os danos no DNA não devem ter apenas origem oxidativa, porque os resultados obtidos pelo TRVN sugerem que eles podem ter relação com as enzimas liberadas no interior da célula devido à desestabilização dos lisossomos. Entretanto, esses danos não foram suficientes para induzir morte por apoptose/necrose, sugerindo a atuação do sistema de reparo. O uso integrado de testes in vivo e in vitro, juntamente com as técnicas empregadas neste trabalho, demonstrou ser uma valiosa ferramenta para a compreensão dos mecanismos de toxicidade do glifosato e do RT sobre a molécula de DNA do P. lineatus.

ASSUNTO(S)

prochilodus lineatus peixe - células - efeito citotóxico peixe - toxicidade genética peixe - efeito dos herbicidas toxicidade fish cells effect cytotoxin fish toxicity testing

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