Educação do campo: demanda dos trabalhadores

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2006

RESUMO

Neste texto pretendemos discutir que especificidades precisa possuir a escola do campo neste mundo neoliberal, identificar as demandas educacionais dos sujeitos do campo e analisar as propostas para educação do campo dos movimentos sociais e Estado. Esta pesquisa é de abordagem qualitativa e, utilizamos como principais instrumentos de coleta de dados a análise documental e entrevistas estruturadas abertas. Para atingir nossos objetivos caracterizamos e discutimos a proposta educacional do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra); analisamos as Diretrizes Operacionais para Escola do Campo e, realizamos entrevistas com duas comunidades rurais para identificar suas demandas educacionais; uma na zona rural de Ponta Grossa e outra em um assentamento de reforma agrária de Teixeira Soares. Entrevistamos ao todo vinte e nove pessoas das comunidades escolares (pais, alunos, professores, diretora, servente). A proposta educacional do MST pretende despertar a consciência de classe e formação de militantes. O MST adota como referenciais teóricos especialmente Freire, Makarenko, Piaget; entretanto não escolhe uma pedagogia específica, põe todas em movimento, para que se escolha a mais adequada, conforme as necessidades. A proposta do Estado (As Diretrizes Operacionais para Escola do Campo), apresenta muitos avanços a saber: universalização da educação básica e profissional nas próprias comunidades rurais; flexibilização do calendário e espaços escolares; formação inicial e continuada de professores; diferenciação do custo aluno, entre outros. Com referência às demandas educacionais dos sujeitos do campo, vistas pelos seus olhos; traduzem-se em expectativas em relação à escola, abrangendo três pontos centrais: 1) aquisição de habilidades como leitura, escrita e cálculo e, ainda, transmissão de conhecimentos; 2) formação moral e 3) preparação para o trabalho no campo. Essas expectativas refletem de certa forma os valores e ideologias presentes em nossa sociedade. O pensamento dos trabalhadores reflete seu modo de vida e valores. Contudo, para a construção de uma escola de qualidade social para o campo, que atenda seus anseios e necessidades, respeite e valorize seus saberes e valores, fazem-se necessários investimentos financeiros e humanos nas escolas situadas no campo. Os movimentos sociais podem contribuir para melhoria da escola, de várias maneiras, participando, sugerindo modificações, oportunizando a utilização de seus materiais pedagógicos, mas sobretudo; ao organizarem-se junto com a comunidade para reivindicar que o Estado cumpra seu papel de mantenedor da escola, efetivando o que está previsto nas Diretrizes. Consideramos que o campo precisa de uma educação diferenciada, que não se restrinja às necessidades agrícolas e do mercado de trabalho, mas uma formação cultural ampla, que privilegie a aquisição e recriação dos conhecimentos científicos.

ASSUNTO(S)

scientific knowledge, work and education demands of the workers trabalho e educação education of the field movimentos sociais educacao demandas dos trabalhadores social movements conhecimento científico educação do campo

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