Diagnóstico de autismo na rede pública de ensino do DF : um estudo exploratório da situação atual

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2009

RESUMO

Esta dissertação investigou os critérios usados no diagnóstico de autismo em alunos matriculados na rede pública de ensino do Distrito Federal, na categoria de condutas típicas, por meio do mapeamento dos laudos e registros clínicos oficiais. O mapeamento foi realizado por meio da análise de documentos tendo como referência os critérios do DSM IV-TR e os da CID 10 e critérios clínicos diagnósticos, sendo a psicanálise o eixo central da discussão dos resultados. Foram analisados 30 (trinta) relatórios psicopedagógicos, realizados nos períodos de 2004 a 2006, de três (3) escolas da Secretaria de Educação (SEEDF). Observou-se que o relatório psicopedagógico utilizado é padronizado, bem como o processo de avaliação diagnóstica dos alunos com suspeita de autismo. Verificou-se um maior número de alunos matriculados na escola classe especial e uma minoria na escola classe regular, sendo a idade média dos alunos de 09 anos, com predominância maior do sexo masculino. A anamnese realizada pelos profissionais, com os pais, no âmbito da pesquisa, limita-se a recuperar dados da história de vida da criança, não trazendo indicadores de localização da criança na trama discursiva parental. Nos relatórios psicopedagógicos, observa-se que a teoria predominante é de orientação cognitiva- comportamental, que presume a obtenção de dados descritivos e objetivos. Observamos que nenhum diagnóstico foi realizado no processo de atendimento à família. A grande maioria dos diagnósticos de autismo na rede é estabelecida por médicos-psiquiatras e exclui a escuta da família e do sujeito. Nesta perspectiva, a avaliação psicopedagógica perde a oportunidade de exercer plenamente a função terapêutica e de orientação aos pais e professores no processo educativo e de escolarização dos alunos. Foram solicitados exames clínicos e laboratoriais para todos os alunos investigados, sem exceção, embora a grande maioria deles apresentasse normalidade do ponto de vista orgânico. Os dados da pesquisa revelam que a maioria dos alunos utiliza farmacoterapia e que poucas crianças com autismo estão incluídas na escola regular, permitindo concluir que a inclusão é ainda uma questão de direito, mas não de fato. Recomenda-se, ao final desta pesquisa, que os profissionais responsáveis pelo diagnóstico e atendimento de alunos autistas, na rede pública de ensino, se permitam entrar em contato com as contribuições teórico-clínicas da psicanálise, pois inúmeros trabalhos têm demonstrado que os efeitos dessa clínica não clássica estenderam-se também às intervenções educacionais, sobretudo à educação especial e às práticas de inclusão escolar que, sob a influência da psicanálise, passaram a apostar na criação de um lugar, uma inscrição social para a criança autista, permitindo a retomada de seu desenvolvimento e de sua estruturação psíquica, supondo que um sujeito possa aí advir e encontrar no mundo um lugar para sua diferença

ASSUNTO(S)

psicologia autism autismo psychoanalysis diagnosis inclusão escolar psicanálise school inclusion educação diagnóstico education

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