Deforestation influence on the dynamics of the hydrological response at JI-Paraná river basin / Influência do desflorestamento na dinâmica da resposta hidrológica na Bacia do Rio JI-Paraná/RO

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2005

RESUMO

Os manejos florestal e hidrológico de uma bacia de drenagem têm forte influência sobre o regime hídrico e uma das principais causas de perturbação é a prática de remoção da vegetação natural para implantação de áreas agropastoris e de estabelecimentos comerciais / industriais. No caso da Amazônia Brasileira, grandes extensões de formações florestais vêm sendo removidas há anos para o estabelecimento de culturas agrícolas de subsistência e pastagens, muitas vezes abandonadas após poucos anos de uso. Diversos estudos demonstram que a vegetação tem influência direta no processo de erosão, na dinâmica de nutrientes, na proteção de mananciais e na qualidade e produção da água. Sua remoção altera as taxas de evapotranspiração, de fotossíntese e de precipitação, afetando diretamente a disponibilidade de água. Dado que o processo de desenvolvimento no Brasil vem sempre associado à remoção da vegetação nativa, os manejos florestal e hidrológico visando um desenvolvimento sustentável não só são importantes, como necessários. O principal objetivo deste trabalho foi avaliar o impacto do desflorestamento na dinâmica da resposta hidrológica ao longo de 23 anos na Bacia do Rio Ji-Paraná (32.860 km2), em Rondônia, em comparação à Bacia do Rio Sucunduri (13.677 km2), Amazonas, ainda preservada quanto à cobertura vegetal. Foram gerados mapas anuais da dinâmica da cobertura florestal para ambas as bacias, os quais foram analisados em conjunto com os dados históricos de vazão, de precipitação, de evapotranspiração estimada, de resposta hidrológica e de taxa de incremento de deflúvio. Os resultados não indicaram qualquer tendência no período de 1978 a 2001, a despeito do desflorestamento crescente da Bacia do Rio Ji-Paraná até um percentual de 55%, incluindo a remoção de mais da metade da vegetação natural nas APPs dos rios até 10 metros de largura. No entanto, a resposta hidrológica e as taxas de incremento de deflúvio mostraram-se associadas à dinâmica das taxas de desflorestamento anuais na Bacia do Rio Ji-Paraná, indicando que a remoção da floresta gera uma resposta rápida nos valores de escoamento superficial e lateral devido à diminuição dos processos de interceptação e de infiltração após a remoção da floresta. A dinâmica de ocupação em Rondônia é caracterizada por queimadas constantes, pela baixa compactação do solo devido a processos agrícolas não mecanizados e a baixas lotações dos pastos e pela alta freqüência de capoeiras. Esta dinâmica parece compensar e balancear o sistema, contribuindo para a amenização dos efeitos do desflorestamento e para a manutenção energética e hídrica da bacia. O volume de água e de energia que circula em bacias de meso e larga escala, principalmente na Amazônia, é muito grande e os efeitos hidrológicos das mudanças de uso e de cobertura da terra não são tão evidentes quanto em bacias de pequeno porte. Apesar desta compensação, a taxa de residência para a Bacia do Rio Ji-Paraná mostra oscilações a partir de 1985, quando o total desflorestado atinge 20%, indicando instabilidade na bacia, talvez devido às alterações da cobertura da terra. Para a Bacia do Rio Sucunduri a taxa de residência mostra oscilações provavelmente devido à geologia. Este estudo permitiu concluir que o desflorestamento influencia a dinâmica da resposta hidrológica, das taxas de incremento de deflúvio e a taxa de residência a curto prazo. Porém, não foram observadas tendências nas séries temporais em todas as variáveis hidrológicas que indiquem mudanças no clima em função do desflorestamento. A identificação da escala em que o desflorestamento causa mudanças climáticas precisa continuar sendo investigada.

ASSUNTO(S)

mapeamento região amazônica desflorestamento land use hydrological cycle mapping amazon region deforestation uso da terra ciclo hidrológico

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