Crianças cegas e videntes na educação infantil : características da interação e proposta de intervenção

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

Um número reduzido de estudos empíricos trata da caracterização das interações sociais entre crianças deficientes visuais e videntes e da efetividade das atividades desenvolvidas para estimular essas interações no ambiente da Educação Infantil, o que dificulta a proposição de estratégias conseqüentes e bem sucedidas de inclusão. Crianças cegas que receberam estimulação constante e especializada ou estimulação assistemática têm diferentes possibilidades de exploração do ambiente que compartilham com os colegas na escola e de interação com seus pares. Essas possibilidades podem estar fortemente relacionadas à possibilidade de deslocamento independente e seguro no espaço que freqüentam proporcionado pelo desenvolvimento motor. Os objetivos gerais desse estudo, realizados em classes inclusivas da Educação Infantil, foram: 1) caracterizar a interação social de crianças cegas que receberam ou não estimulação constante e especializada; 2) caracterizar a interação social de crianças cegas e videntes; 3) avaliar o efeito de procedimentos de intervenção em ambiente escolar inclusivo no repertório de interação social de uma criança cega com crianças videntes e no seu desenvolvimento motor. Participaram desse estudo duas crianças cegas de diferentes instituições, com até 5 anos de idade e seus colegas freqüentadores da sala regular. Foram organizadas situações em que as crianças pudessem brincar livremente e atividades semi-estruturadas que tinham o intuito de promover a interação entre as crianças e o desenvolvimento motor da criança cega que recebeu estimulação assistemática. Os desempenhos das crianças foram videogravados durante as situações de brincadeira. O tratamento de dados adotou um sistema de classificação de interações entre crianças que permitiu a análise comparativa das interações estabelecidas pelas crianças cegas e videntes. Para avaliação da intervenção foram identificadas as manifestações de comportamentos da criança cega referentes à interação social listados como objetivos específicos. Para avaliar o possível progresso do desenvolvimento motor da criança cega foram realizadas avaliações antes e depois das atividades semi-estruturadas por meio do Inventário Portage Operacionalizado. Foram encontradas diferenças significativas ao se comparar as características das interações das crianças cegas com as das videntes, bem como na comparação dos desempenhos das duas crianças cegas. No presente estudo se observou que havendo estimulação constante e especializada a criança cega apresenta comportamentos semelhantes aos de uma criança vidente no ambiente escolar. Com a estimulação do desenvolvimento motor e interação social da criança cega que havia recebido estimulação assistemática, desempenhos motores e comportamentos interativos foram incluídos em seu repertório.

ASSUNTO(S)

educacao especial crianças deficientes visuais crianças - desenvolvimento educação especial - inclusão escola - intervenção interação social educação especial estudantes cegos

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