Caracterização molecular do gene da Arilsulfatase A em pacientes brasileiros com leucodistrofia metacromática e análise estrutural da enzima

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2011

RESUMO

A leucodistrofia metacromática (MLD) é um erro inato do metabolismo de herança autossômica recessiva, dividido em três subtipos clínicos de acordo com a idade de início dos sintomas. Na MLD ocorre deposição intralisossômica de glicolipídeos sulfatados principalmente no sistema nervoso central. A causa dessa doença é a deficiência de arilsulfatase A (ARSA), uma glicoproteína lisossômica que catalisa a hidrólise de glicolipídeos sulfatados constituintes da bainha de mielina. Até o momento cerca de 140 mutações relacionadas à manifestação de MLD foram descritas no gene da ARSA, das quais duas delas ocorrem com alta frequência na maioria das populações estudadas. Ademais, entre 7% e 12% das pessoas saudáveis têm deficiência in vitro de ARSA, condição denominada pseudodeficiência de ARSA (PD-ARSA). Não existem dados de caracterização genotípica de pacientes brasileiros com MLD. Da mesma forma, dados sobre a dinâmica molecular (DM) da ARSA também são escassos, em parte por dificuldades metodológicas implicadas no estudo desses aspectos em glicoproteínas. Nesse contexto, os objetivos desse trabalho foram identificar os alelos mutantes no gene da ARSA em pacientes brasileiros com MLD e avaliar os efeitos da glicosilação e do pH na DM da ARSA. A amostra foi composta por 27 pacientes com MLD. A mutação mais frequente (c.459+1G>A) e polimorfismos constituintes do alelo PD-ARSA foram detectados por PCR em tempo real e as demais mutações por sequenciamento direto do gene da ARSA. As DM realizadas foram de (i) ARSA não glicosilada em pH~7 e (ii) em pH~5, (iii) ARSA triplamente glicosilada e (iv) deficientemente glicosilada p.N350S, usando GROMACS. Nesse estudo a mutação c.459+1G>A foi a mais frequente (0,50), conforme esperado pela alta prevalência de pacientes com MLD infantil em nossa coorte. As mutações p.P426L (0,08) e c.103_110del8 (0,08) também apresentaram frequências relevantes quando comparadas às demais mutações. No conjunto, 11 mutações raras foram identificadas, incluindo 2 mutações novas: p.S44P e p.P284S. Além das mutações potencialmente deletérias, foram identificados 2 polimorfismos neutros frequentemente associados à mutação c.459+1G>A (p.W193C [0,54] e p.T391S [0,65]) e 2 polimorfismos constituintes do alelo PD-ARSA (p.N350S [0,15] e c.1524+95A>G [0,04]). As análises estruturais demonstraram um papel fundamental tanto da glicosilação, quanto do meio ácido na estabilidade da ARSA, o que é compatível com sua atividade lisossomal.

ASSUNTO(S)

arilsulfatase a leucodistrofia m

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