Caracterização das pessoas internadas por hipertensão arterial e doenças cerebrovasculares em um hospital de referência regional : perfil de risco e utilização de serviços ambulatoriais

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

14/10/2010

RESUMO

As doenças do aparelho circulatório têm se revelado importante causa de morbimortalidade no Brasil. Na região da 18ª Regional de Saúde do Estado do Paraná as taxas estão superiores às do Estado e do País. Dentre as doenças do aparelho circulatório, as doenças cerebrovasculares (DCV) constituem as principais causas de óbitos e de seqüelas incapacitantes em adultos, com forte impacto na população devido à sua prevalência, morbidade, mortalidade e ainda elevado ônus social e familiar. A hipertensão arterial (HA) é o principal fator de risco, podendo ser evitada, tratada e controlada por mudanças de hábitos de vida, prevenção de fatores de risco e terapêutica medicamentosa. Existe relação muito próxima entre DCV e HA, sendo cerca de 80,0% os casos de DCV relacionados à HA. O objetivo da pesquisa foi caracterizar a população de estudo, constituída por adultos internados no hospital de referência da 18ª Regional de Saúde do Paraná por hipertensão arterial e por doenças cerebrovasculares quanto aos aspectos sociodemográficos, presença de fatores de risco e utilização de serviços ambulatoriais. Os dados foram coletados por meio de entrevistas realizadas entre 13 de outubro de 2009 e 13 de fevereiro de 2010. Entre os 108 pacientes internados, a idade mediana foi de 65 anos, com predomínio de mulheres (59,6%), de pessoas analfabetas ou que cursaram até a 3ª série do ensino fundamental (52,8%), de baixa renda (88,4% pertencentes às classes C, D e E pelos critérios da Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa) e que se internaram pelo SUS (79,6%). A hipertensão arterial respondeu por 71,3% das internações. A prevalência referida de fatores de risco modificáveis foi de 13,2% para tabagismo, 9,8% de consumo de álcool, 42,2% de sobrepeso ou obesidade, 79,0% de inatividade física, 33,0% de colesterol elevado, 49,0% de baixo consumo de frutas, 59,3% baixo consumo de legumes e verduras. O diagnóstico médico anterior de HA (82,0%), diabetes (42,2%) e internações nos últimos 12 meses (60,4%) foram superiores aos valores observados na população geral. A utilização de serviços de saúde nos últimos 12 meses mostrou-se elevada para consultas médicas (91,7%), dosagem de colesterol (83,3%) e verificação de pressão arterial (77,7%), com dificuldade referida pelos usuários do SUS para obtenção de consultas médicas, realização de exames complementares e encaminhamento a especialistas. Entre os entrevistados, 79,8% referiram residir em áreas cobertas pela Estratégia Saúde da Família. Destes, 69,6% mencionaram visitas mensais dos agentes comunitários de saúde, sem diferença significativa entre as faixas etárias, portadores de hipertensão e diabetes e internados nos últimos 12 meses. Os resultados sugerem a necessidade de melhorar a atenção à saúde a essa população, com organização de estratégias específicas para diferentes perfis de risco e ênfase nas ações de educação em saúde, prioridade no acompanhamento dos indivíduos com risco cardiovascular aumentado pelas equipes saúde da família, melhoria no acesso aos serviços especializados e fornecimento regular de medicamentos.

ASSUNTO(S)

sistema cardiovascular - doenças hipertensão - fatores de risco acidentes vasculares cerebrais - fatores de risco serviços de saúde - avaliação cuidados primários de saúde vascular system diseases hypertension risks factors cerebrovascular disease risks factors

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