Características clínicas e eletrencefalográficas de uma coorte de pacientes com epilepsia com crises de ausência

AUTOR(ES)
FONTE

Arquivos de Neuro-Psiquiatria

DATA DE PUBLICAÇÃO

2009-12

RESUMO

Síndromes epilépticas com crises de ausência (CA) possuem características clínicas e eletroencefalográficas (EEG) únicas. Nas crises de ausência típica ou atípica, a fenomenologia ictal pode incluir características que podem levar ao erro diagnóstico e à indicação de drogas antiepilépticas que pioraram o quadro. Quando esses pacientes são referidos a um Programa de Epilepsias para investigação, a monitorização por vídeo-EEG permite correlacionar os achados eletrográficos com a fenomenologia ictal. OBJETIVO: Identificar em uma coorte de pacientes com epilepsia fármaco-resistente (EFR), pacientes com CA segundo critérios propostos pela Liga Internacional contra a Epilepsia (ILAE) de 2006, correlacionar a fenomenologia ictal ao EEG e aplicar os de critérios Panayiotopoulos neste grupo. MÉTODO: Estudo de corte transversal incluiu doentes encaminhados ao Programa de Epilepsia do HUCFF-UFRJ entre 2005 e 2008, investigados por vídeo-EEG e que apresentavam os critérios clínicos e EEG para CA típicas ou atípica; a revisão da história clínica, idade início, história familiar de epilepsia, evolução, a fenomenologia ictal, resposta a drogas antiepilépticas e estudos de neuroimagem foram utilizados para classificar os pacientes entre as diferentes síndromes epilépticas associadas a CA. RESULTADOS: As CA típicas foram mais freqüentes (71,4%) do que as atípicas. Casos de epilepsia ausência juvenil ocorreram em 19% desta série, seguido por epilepsia ausência infantil (14,4%) e epilepsia mioclônica juvenil (4,8%). Em 14 pacientes (66,67%), o diagnóstico de epilepsia focal epilepsia foi modificado para epilepsia generalizada primária. A mudança do diagnóstico de epilepsia focal para epilepsia com CA, seguido da troca para DAE adequadas, resultou em melhoria no controle de crises. CONCLUSÃO: Nossos resultados mostram que as CA típicas são mais freqüentes do que as atípicas. Em 10 pacientes, a aplicação dos critérios de Panayiotopoulos foi possível. A conseqüente mudança no diagnóstico e terapêutica resultou na resolução de refratariedade em 9 pacientes. Concluímos que a fenomenologia ictal incomun em pacientes com CA contribui para o diagnóstico errôneo de epilepsia de difícil controle, e que o diagnostico por vídeo-EEG, permitiu a mudança do diagnóstico e a melhora dramática no controle das crises. As avaliações clínica e eletrencefalográfica confirmam que mioclonias, automatismos psicomotores e desordens autonômicas podem fazer parte da fenomenologia ictal de pacientes com CA e que a consciência pode ser afetada em diferentes graus.

ASSUNTO(S)

crises de ausência epilepsia panayiotopoulos

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