Bovinocultura de corte no Rio Grande do Sul : um estudo a partir do perfil dos pecuaristas e organização dos estabelecimentos agrícolas

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2009

RESUMO

O objetivo desta tese é analisar as relações entre o perfil socioeconômico dos pecuaristas criadores de bovinos no estado do Rio Grande do Sul, as possibilidades referentes ao uso dos recursos produtivos e as características das regiões em que eles estão localizados. Assim, investiga-se a existência de relações entre o perfil socioeconômico destes pecuaristas, as possibilidades referentes ao uso dos recursos produtivos e as características específicas de cada região. A base de dados analisada é constituída de 516 entrevistas, realizadas entre os meses de agosto e outubro de 2004, junto a pecuaristas distribuídos em 117 municípios gaúchos. A partir da utilização da Análise Fatorial e da Análise de Clusters, identifica-se quatro grandes perfis de pecuaristas. O primeiro, denominado de Pecuaristas Estacionários, representa 48,26% da amostra. O segundo, o dos Pecuaristas Consolidados, corresponde a 31,20% dos casos analisados. Nestes dois perfis, a principal atividade agrícola é a bovinocultura de corte e o sistema de criação predominante é o do tipo cria e ciclo completo. A presença das aposentadorias, das rendas não-agrícolas, e das rendas externas (principalmente na forma de arrendamentos) é expressiva e contribuem significativamente na composição da renda total dos estabelecimentos. O terceiro e o quarto perfil, denominados de Pecuaristas-Lavoureiros Especializados e Pecuaristas-Lavoureiros Convencionais (9,88% e 10,66% da amostra) desenvolvem a bovinocultura de corte, juntamente com o cultivo de lavouras anuais. O sistema de criação predominante é o do tipo ciclo completo e o de recria/terminação. Nestes dois perfis, verificam-se os melhores índices de produtividade e rendimentos médios relacionados, tanto à bovinocultura de corte, quanto às atividades de lavouras. Essa diferenciação em relação aos pecuaristas em que a bovinocultura é a atividade agrícola principal, em larga medida, ocorre porque as áreas de lavouras no período de verão são ocupadas com pastagens cultivadas. Isso permite a diminuição da lotação animal nas áreas de pastejo, a melhora da quantidade e da qualidade de forragem no período de inverno. Também contribui para essa diferenciação o descompasso entre os preços do gado bovino, bastante deprimidos no período da realização da pesquisa e dos produtos das lavouras anuais de verão (soja e arroz), valorizados. Estes pecuaristas também revelam os melhores níveis de escolaridade e de inserção social na comunidade local e regional. Entre as motivações para atuar na bovinocultura, destacam-se, além da tradição, o lucro e a segurança que a atividade proporciona. Constata-se ainda que estabelecimentos localizados em regiões ou áreas de relevo menos dobrados, condições climáticas e solos favoráveis à implantação de lavouras, têm a possibilidade de diversificar o portfólio de atividades e os ingressos de renda, no que se refere às formas de produção agrícolas. Assim, a distribuição destes estabelecimentos no espaço agrário rio-grandense, não obedece estritamente à tradicional regionalização - Norte Agrícola e Sul Pecuário. Em linhas gerais, as diferentes configurações dos perfis de pecuaristas, da organização dos estabelecimentos, e a distribuição destes no espaço agrário, refletem as diferentes possibilidades no que se refere ao uso e disponibilidade dos recursos produtivos, principalmente em relação à diversificação de formas de uso da terra. Além disso, refletem as diferentes características socioculturais e comportamentais dos pecuaristas.

ASSUNTO(S)

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