Estudo do modo de vida dos pecuaristas familiares da região da Campanha do Rio Grande do Sul

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2009

RESUMO

Esta Tese tem como tema os agricultores familiares diferenciados que vem sendo denominados de pecuaristas familiares. Estes agricultores têm como atividade principal a bovinocultura de corte explorada em pequenas áreas. O objetivo deste trabalho é investigar a existência, as lógicas e as estratégias dos pecuaristas familiares da região da Campanha do Rio Grande do Sul. As hipóteses que norteiam este trabalho são a de que os pecuaristas familiares são realmente um tipo diferenciado dentro da agricultura familiar, que são frutos de diferentes formações oriundas da ocupação da terra, que têm contribuições importantes em relação à questão ambiental e ao processo de desenvolvimento. Através de 60 entrevistas realizadas com pecuaristas familiares em três municípios da região da Campanha (Bagé, Dom Pedrito e Quaraí) foi possível compreender melhor as suas origens e as suas estratégias. Além disso, foram realizadas quatro entrevistas com assentados da reforma agrária, estabelecidos em dois municípios da região (Hulha Negra e Candiota), que acabaram optando pela bovinocultura de corte repetindo as formas estabelecidas historicamente. O trabalho utiliza o modo de vida e os estilos de agricultura como a explicação teórica mais consistente para a realidade encontrada. Os dados obtidos demonstram que os pecuaristas familiares são sim um tipo de agricultor familiar que norteiam as suas atividades e as suas estratégias a partir do modo de vida que definem para si e suas famílias. As principais características do modo de vida dos pecuaristas familiares são cinco. A primeira é a bovinocultura de corte como a principal atividade agrícola, praticada sobre pastagens naturais e com baixo uso de insumos externos sendo os bovinos considerados como mercadoria de reserva. Isto acarreta estratégias como as altas lotações de animais por hectare, a diversificação "por dentro" da atividade (cria e recria) e vendas de animais apenas quando há necessidades financeiras. A segunda é a autonomia em relação ao mercado estabelecendo estratégias de comercialização a partir das necessidades da família e não na busca de melhores preços, além de distância dos endividamentos. terceira é o uso principal da mão-de-obra da família associada com uma troca de serviços com os vizinhos em uma relação de reciprocidade que permite enfrentar os momentos de maior demanda por mão-de-obra. A quarta é a grande quantidade e a grande importância que tem a aposentadoria rural para os pecuaristas familiares. A quinta é a presença do autoconsumo de maneira significativa representada não pelo consumo de vegetais, mas pelo consumo de carne bovina e, principalmente ovina. Apesar de ser um grupo de famílias que tem pouca renda pode-se constatar que se trata de um modo de vida que contribui econômica, social e ambientalmente com os processos de desenvolvimento rural compreendido de maneira mais ampla do que apenas o crescimento da economia.

ASSUNTO(S)

agricultura familiar campanha, região (rs) rural development bovinocultura de corte family farming family beef cattle breeders pecuária sistemas de produção ways of life agricultural styles

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