Avaliação da ação anti-herpética de llex paraguariensis A. St. Hil., Aquifoliaceae (erva-mate)

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2009

RESUMO

Os Herpes Simplex Virus tipos 1 e 2 (HSV-1 e HSV-2) são vírus envelopados de DNA, que causam várias infecções em humanos. O HSV-1 é geralmente associado a infecções orofaciais e encefalites, ao passo que o HSV-2 comumente causa infecções genitais. Ambos estabelecem infecções latentes em neurônios sensoriais e, durante a reativação, causam lesões na pele e mucosas. O aciclovir, um análogo de nucleosídeo, vem sendo muito utilizado para o tratamento sistemático de infecções pelos HSV. Ele é um fármaco antiviral altamente seletivo, pois é fosforilado pela timidina quinase somente em células infectadas. No entanto, o uso indiscriminado do aciclovir e de fármacos correlatos provocou o surgimento de cepas resistentes aos HSV, principalmente, em pacientes imunocomprometidos. Este fato ressalta a necessidade de desenvolver novos fármacos anti-herpéticos frente a cepas virais primitivas e/ou cepas fármaco-resistentes. Os produtos naturais são uma fonte rica de compostos com potenciais atividades farmacológicas, incluindo efeitos antivirais. Uma estratégia que pode ser utilizada para a pesquisa e o desenvolvimento de tais fármacos é a triagem de extratos de plantas, seguida pelo fracionamento bioguiado dos extratos bioativos visando à purificação de frações e subfrações bioativas e/ou ao isolamento do(s) composto(s) bioativo(s). As folhas da erva-mate (Ilex paraguariensis) são amplamente empregadas no Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai para a preparação de várias bebidas não alcoólicas, como o chimarrão. Considerando seus aspectos culturais e econômicos, o objetivo deste estudo foi avaliar a ação anti-HSV-1 e anti-HSV-2 do extrato bruto hidroetanólico e de frações e subfrações de folhas da erva-mate, através de um fracionamento bioguiado. Assim, este extrato bruto e seis subfrações, obtidas a partir da extração do mesmo com n-butanol seguida de outros processos extrativos e cromatográficos, foram avaliados frente ao HSV-1 (cepa KOS) e ao HSV-2 (cepa 333), através de diferentes estratégias metodológicas, utilizando as técnicas do MTT e de inibição da formação das placas de lise virais. Todas as amostras demonstraram baixos efeitos citotóxicos nas concentrações avaliadas em células VERO e GMH AH1 pelo ensaio do MTT. Esta triagem preliminar indicou que a subfração 5A (obtida da extração do resíduo NaOH com AcOEt) foi a mais ativa (IS=187.62, HSV-1 e IS=263,63, HSV-2) e seu mecanismo de ação foi investigado. Adicionalmente, foi então avaliada sua atividade virucida, sua ação antiviral em função do tempo de adição da mesma nas células, sua influência sobre a adsorção e a penetração dos vírus nas células, e sua interferência na dispersão viral intercelular e na síntese protéica viral. A partir dos resultados obtidos, concluiu-se que a atividade anti-herpética detectada parece ser mediada pela redução da infecciosidade viral, inibição da adsorção e da penetração dos vírus nas células e da difusão radial viral, diminuindo ou bloqueando a expressão das proteínas virais ICP27, ICP4, gD e gE. Esses resultados sugerem que a subfração 5A possui atividade anti-HSV-1 e anti-HSV-2, provavelmente correlacionada com as saponinas triterpênicas e os compostos fenólicos (flavonóides e ácidos fenólicos) existentes nesta subfração, através de um efeito sinérgico.

ASSUNTO(S)

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