Aspectos clínico-laboratoriais na evolução de pacientes com deficiência de imunoglobulina A diagnosticados na infância e de seus familiares / Clinical and laboratorial features from patients with IgA deficiency diagnosed in childhood and from their relatives

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

A deficiência de imunoglobulina A (DIgA) é a imunodeficiência primária mais comum com prevalência de 1: 223 a 1:1000 em estudos epidemiológcos, sendo menos freqüente em populações asiáticas. As manifestações clínicas variam desde indivíduos assintomáticos até aqueles com manifestações atópicas, auto-imunes ou infecciosas. Entre estas últimas destacam-se os acometimentos dos tratos respiratório e digestório. Associação com outras imunodeficiências primárias tem sido reportada, em especial a imunodeficiência comum variável e a deficiência de subclasses de imunoglobulina G. Os objetivos deste estudo foram a avaliação dos pacientes com DIgA, diagnosticados na infância, após a segunda década da vida e a avaliação diagnóstica de seus familiares quanto aos aspectos clínicos e laboratoriais. A metodologia utilizou, para o diagnóstico de DIgA, o critério adotado pelo ESID/PAGID (1999). Foi realizada a avaliação das concentrações de imunoglobulina A(IgA) e imunoglobulina M (IgM), na saliva e a pesquisa de auto-anticorpos séricos (Anti-tireóide, FR,FAN) nos pacientes e familiares com DIgA. Realizou-se uma curva de distribuição de IgM salivar em indivíduos normais para comparação com os pacientes DIgA. Os resultados mostraram a avaliação dos 34 pacientes (19 do sexo feminino) com deficiência de imunoglobulina A (DIgA) com idade superior a 10 anos (variação: 10 à 52 anos), sendo 27 deles diagnosticados na infância e 7 familiares dos 62, que responderam à convocação. Considerando-se todos os indivíduos com DIgA, processos infecciosos (de repetição ou graves) ocorreram em 91,2%, manifestações atópicas em 58,8% e auto-imunidade em 52,9%. Manifestações clínicas de auto-imunidade foram observadas em 14/18 indivíduos, sendo que sete foram diagnosticados após 10 anos de idade, por ocasião da realização da pesquisa. Auto-anticorpos foram observados em 10 pacientes, sendo quatro pacientes assintomáticos. Fator reumatóide não foi detectado nesta casuística. Tireoidopatias (seis casos) e artropatias (quatro casos) foram as manifestações clínicas auto-imunes mais observadas. As concentrações de IgM salivar mostraramse elevadas em todos, exceto cinco casos. A comparação dessas concentrações nos grupos com e sem auto-imunidade não mostrou diferença significante (p= 0,48). As conclusões desta pesquisa mostraram os processos infecciosos como as manifestações clínicas mais freqüentes nos pacientes com DIgA, observando-se, porém, uma relevante presença de auto-imunidade nestes pacientes quando reavaliados após a segunda década de vida. Este fato alerta para a necessidade de avaliação rotineira de fenômenos auto- imunes nestes pacientes, durante seguimento. As concentrações de IgM salivar foram semelhantes em pacientes com DIgA com e sem auto-imunidade. Auto-anticorpos foram detectados independentemente da presença de sintomatologia clínica, sendo os mais encontrados aqueles relacionados à tireóide. Os familiares de primeiro grau dos pacientes com DIgA devem ser avaliados, tanto para diagnóstico de imunodeficiências como para detecção de fenômenos auto-imunes, permitindo assim o diagnóstico e abordagens precoces de ambas condições.

ASSUNTO(S)

autoimmunity immunoglobulin a immunoglobulin a secretory iga deficiency immunodeficiency auto-imunidade imunodeficiência family adolescent adolescente clinical evolution immunoglobulina a evolução clínica família immunoglobulin isotype deficiência de iga isotipos de imunoglobulinas imunoglobulina a secretora

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