As adolescentes negras no discurso da Revista Atrevida
AUTOR(ES)
Carolina dos Santos de Oliveira
DATA DE PUBLICAÇÃO
2009
RESUMO
Analisar o discurso sobre a adolescente negra veiculado nas páginas da revista Atrevida é o objetivo desta pesquisa. Essa publicação, considerada como um segmento do mercado editorial de revistas femininas, volta-se especificamente para o público adolescente. Para responder às questões colocadas pela investigação, recorreu-se à Análise Crítica do Discurso (ACD), na perspectiva de Fairclough (2001), analisando os discursos produzidos como prática social, discursiva e textual. O recorte temporal adotado para a seleção do corpus de análise é compreendido entre os anos de 2001 e 2005, período no qual aconteceram mudanças de caráter nacional e internacional no contexto das relações raciais. Dentro desse recorte, optou-se pela análise das duas edições que explicitamente apresentavam imagens de adolescentes negras ou que tinham a temática racial em destaque, configurando-se uma amostra intencional. Os discursos da revista revelam que tratar da estética negra ainda é um desfio para as publicações femininas. As adolescentes negras são apresentadas e representadas por meio de aparições pontuais e deslocadas do restante dessa mídia impressa, revelando um desconforto dos editores e dos jornalistas para tratar do assunto. Observa-se que o pertencimento étnico-racial da adolescente só se torna evidente e é tematizado quando se trata da adolescente negra. No geral, a interlocutora e público-alvo privilegiada pela Atrevida é a adolescente branca, retratando a presença da branquitude normativa. A revista produz um discurso que carrega todas as ambiguidades do racismo brasileiro (afirmação por meio da própria negação) e do mito da democracia racial. Isso se dá de forma complexa e entremeada entre o mundo da mídia, os discursos sobre gênero, raça, juventude, mercado, estética e beleza. A pesquisa conclui que o discurso da adolescente negra na revista Atrevida é complexo e insidioso, assim como o são as relações raciais em nossa sociedade. Não se pode desprezar que a existência desse discurso aponta algum tipo de mudança social, mas, ao mesmo tempo, não se pode deixar ser seduzido por ele.
ASSUNTO(S)
educação teses. adolescência. relações étnicas.
ACESSO AO ARTIGO
http://hdl.handle.net/1843/FAEC-83UMCBDocumentos Relacionados
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