Arquitetura, litofácies e evolução tectonoestratigráfica da bacia do rio do peixe, nordeste do Brasil

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2009

RESUMO

A Bacia do Rio do Peixe está situada no limite dos estados da Paraíba e do Ceará, imediatamente a norte do Lineamento Patos, com área de aproximadamente 1.315 km2. Esta é uma das principais bacias de idade eocretácea no interior do Nordeste do Brasil, associadas ao rifteamento que moldou a atual margem continental. A bacia pode ser dividida em quatro sub-bacias, as quais correspondem aos semi-grabens de Pombal, Sousa, Brejo das Freiras e Icozinho. Esta dissertação foi baseada em análises e interpretações de produtos de sensores remoto, levantamentos estratigráficos e dados estruturais de terreno, além de linhas sísmicas e dados gravimétricos. Trabalhos de campo detalharam a caracterização faciológica das três formações previamente distinguidas na bacia, Antenor Navarro, Sousa e Rio Piranhas. Ao contrário do empilhamento estratigráfico clássico, vertical, as relações de campo e a análise sismoestratigráfica evidenciaram as interdigitações e equivalência lateral entre essas unidades. Do ponto de vista bio/cronoestratigráfico e tectônico, as mesmas se correlacionam com a Tectonossequência Rifte neocomiana. A Formação Antenor Navarro repousa em não conformidade sobre o embasamento cristalino e compreende litofácies originadas por um sistema fluvial entrelaçado, dominado por arenitos de granulometria grossa a conglomeráticos, imaturos, e conglomerados polimíticos na base. As exposições desta formação ocorrem em todos os semi-grabens, ao longo de suas margens flexurais. Dados de paleocorrente indicam deposição a partir de áreas fontes no embasamento, a norte/NW, ou a partir de rampas direcionais. A Formação Sousa é composta por arenitos de granulometria fina, siltitos e folhelhos avermelhados e localmente cinza-esverdeados, laminados, com presença de marcas onduladas, gretas de contração e, por vezes, níveis carbonáticos. Esta formação denota a influência predominante de um sistema fluvial, com inferência (sismoestratigráfica) de fácies lacustre em subsuperfície. A sua distribuição abrange principalmente a parte central dos semi-grabens de Sousa e de Brejo das Freiras, que constituem os principais depocentros da bacia. A análise das paleocorrentes mostra que o transporte dos sedimentos também ocorreu de norte/NW para sul/SE.A Formação Rio Piranhas é composta por arenitos arcosianos de granulometria grossa, com intercalações de brechas e conglomerados polimíticos, depositados por sistemas de leques aluviais. As exposições desta formação ocorrem principalmente nas margens falhadas dos semi-grabens, sendo mais restritas na Sub-bacia de Icozinho. As paleocorrentes orientam-se predominantemente no sentido de norte/NW para sul/SE, ou em disposição axial acompanhando paleoescarpas de direção NE/SW. Nos diferentes compartimentos da bacia, esta unidade interdigita-se com as formações Sousa e Antenor Navarro, ratificando a deposição sintectônica do conjunto. A análise estrutural da Bacia do Rio do Peixe, também baseada em dados de campo e interpretação de seções sísmicas, mostra que as principais falhas representam a reativação frágil de zonas de cisalhamento pré-cambrianas. Tais falhas, normais ou de rejeito oblíquo (normal sinistral para a direção E-W), delimitam os semi-grabens e compartimentos internos. O levantamento de dados estruturais permitiu detalhar a cinemática dessas falhas e inferir eixos de strain e o regime de esforços atuantes na evolução da bacia. O levantamento sísmico 2D realizado nos semi-grabens de Brejo das Freiras e de Sousa possibilitou a visualização da geometria em cunha dos refletores, que apresentam basculamento para sul/SE, controlado pelas falhas de borda. O arranjo interno dos refletores evidencia a atuação sindeposicional (até sinlitificação) dos falhamentos, como por exemplo o espessamento de camadas e o recobrimento de degraus por estratos mais jovens. São observadas a presença de sinclinais e anticlinais geradas pela combinação do basculamento com a geometria lístrica, os degraus e o arrasto das falhas. O degrau de Santa Helena perfaz o seu limite sul como uma rampa derevezamento e também se articula com o semi-graben de Sousa. A falha de São Gonçalo, com orientação E-W e mergulho para norte, define o limite sul do semigraben de Sousa. Internamente a este segundo semi-graben foram identificados dois depocentros limitados por uma falha normal com direção NE-SW e mergulho para NW, adjacente a um alto interno no qual ocorrem indícios de óleo. O principal depocentro, a NW dessa falha, deve atingir 2,0 km de profundidade.

ASSUNTO(S)

estratigrafia geofisica estrutural semi-graben bacia do rio do peixe

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