Arquitetura deposicional e evolução tectono-estratigráfica das sequências pré-rifte e rifte, na porção central do Vale do Cariri, Bacia do Araripe, NE do Brasil
AUTOR(ES)
Hugo Roberto Caycedo Garcia
DATA DE PUBLICAÇÃO
2009
RESUMO
Uma complexa história deposicional, relacionada ao rifteamento do Atlântico, caracteriza a evolução geológica durante o final do Jurássico e o início do Neocomiano na Bacia do Araripe, NE do Brasil. Com base na integração de dados de afloramentos, seções sísmicas e sensores remotos, apresenta-se neste trabalho, um novo modelo de evolução tectono-estratigráfica para a seção que compreende os andares Dom João, Rio da Serra e Aratu (formações Brejo Santo, Missão Velha e Abaiara). Na seção estudada foram descritas dez fácies sedimentares que associadas geneticamente constituem nove elementos arquiteturais, que integram sistemas deposicionais de origem fluvial, eólica e deltaica. Com base na relação entre as taxas de acomodação e aporte sedimentar (relação A/S) foi possível associar estes sistemas deposicionais aos tratos de sistemas de Alta e Baixa Acomodação. Estes tratos de sistemas integram duas tectonosseqüências, as quais estão separadas por discordâncias regionais. A Tectonosseqüência I é composta pelos litótipos da Formação Brejo Santo e se relaciona ao Estágio Pré-Rifte, sendo limitada na base pela Discordância Paleozóica. Tal unidade é formada apenas pelo Trato de Sistemas de Alta Acomodação, caracterizado por uma sucessão de níveis pelíticos intercalados a arenitos e calcários, originados a partir de uma ampla planície fluvial distal, desenvolvida em condições de clima árido. A tectonosseqüência II, separada da seqüência sotoposta por uma discordância erosiva, relaciona-se ao Estágio Rifte, sendo composta pelos litótipos das formações Missão Velha e Abaiara. Mudanças no estilo deposicional que refletem variações na relação A/S, além da presença de bandas de deformação hidroplásticas, permitiram compartimentar tal tectonosseqüência em duas seqüências internas. Seqüência IIA, associada à porção inferior da Formação Missão Velha, e Seqüência IIB, formada pela seção superior da Formação Missão Velha e pela Formação Abaiara. A Seqüência IIA, caracterizada somente pelo Trato de Sistemas de Baixa Acomodação, é composta por arenitos com estratificações cruzadas intercalados a pelitos interpretados como depósitos de um sistema fluvial meandrante grosso. A Seqüência IIB, acima, é mais complexa, sendo formada pelos tratos de sistemas de Baixa Acomodação, basal, e de Alta Acomodação, superior, separados por uma superfície de expansão. O trato de sistemas basal, relacionado à porção superior da Formação Missão Velha, é composto por uma série de canais amalgamados, separados por superfícies de erosão, interpretados como depósitos de um cinturão de canais entrelaçados. O Trato de Sistemas de Alta Acomodação, correlacionado à Formação Abaiara, é marcado por um aumento significativo na relação A/S, que propiciou a progradação de um sistema de deltas de rios entrelaçados, com influência eólica. No que tange à evolução tectônica, o estudo estratigráfico aqui efetuado trouxe à tona que a Tectonosseqüência Rifte na Bacia do Araripe desenvolveu-se segundo duas fases distintas: uma fase de início do rifte, relacionada à Seqüência IIA, seguida de uma fase de deformação sindeposicional, representada pela Seqüência IIB. A primeira fase não foi condicionada pelo desenvolvimento de grandes falhamentos e, sim, por uma diminuição abrupta e contínua do espaço de acomodação que propiciou uma mudança nos padrões deposicionais estabelecendo assim uma nova arquitetura deposicional. Por sua vez, a fase de deformação sindeposicional, subseqüente, tornou possível a geração de espaço de acomodação suficiente para a preservação de depósitos flúvio-lacustres depositados anteriormente e condicionou a progradação um sistema de deltas de rios entrelaçados
ASSUNTO(S)
bacia do araripe(ce) sequência pré-rifte geociencias depositional architectura evolução tectono-estratigráfica pre-rift stage arquitetura deposicional rift stage sequência rifte araripe basin (ce) tectono-stratigraphy evolution
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