Anomalias da junção craniocervical : estudo morfologico por ressonancia magnetica com considerações funcionais e fisiologicas / Craniocervical junction anomalies : morfological analysis by magnetic resonance imaging with considerations about joint function and brain stem physiology

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

A Junção craniocervical (JCC) é uma região anatômica de transição formada pelo osso occipital e pelas primeiras vértebras cervicais, o atlas e o axis. Esse arcabouço esquelético envolve importantes estruturas do sistema nervoso central (SNC), como o tronco cerebral, o cerebelo e a porção proximal da medula cervical. O complexo e delicado desenvolvimento embrionário dessa região sujeita essa topografia a diversas variações anatômicas e malformações congênitas. Embora algumas deformidades ósseas estejam presentes ao nascimento, alguns pacientes desenvolvem sintomas após a terceira ou quarta décadas de vida. Foi realizada a análise retrospectiva de imagens de Ressonância Magnética (RM) de 61 pacientes selecionados por apresentarem pelo menos uma das principais malformações esqueléticas ou antropométricas da JCC, discriminando a presença de compressão, alteração de sinal nas seqüências de TR longo e siringomielia. Observou-se correlação significativa entre a gravidade das malformações ósseas e o grau de comprometimento neural, com a maior redução ângulos clivuscanal (ACC) e o maior grau de invaginação basilar (IB) relacionando-se, principalmente, à compressão anterior e a alteração do sinal magnético no neuro-eixo. A siringomielia correlacionou-se à maior freqüência de invaginação tonsilar (IT). Alguns aspectos das malformações da JCC são francamente congênitos. Porém, a instabilidade crônica e a sobrecarga articular decorrentes de distúrbios biomecânicos impostos pelas deformidades esqueléticas podem se correlacionar a desordens osteoarticulares adquiridas. 19,7% desses pacientes apresentaram subluxação atlanto-axial, correlacionada com alterações morfológicas da vértebra occipital. Foram observados sinais de degeneração articular atlanto-axial em 42,6%, apresentando correlação significativa com assimilação atlanto-occipital (AAO). Foram realizadas análises de potenciais evocados auditivos do tronco cerebral (PEATC) em 8 pacientes. Dois pacientes não apresentavam compressão neural; 2 apresentavam compressão e elevação de sinal em T2, e 4 indivíduos tinham siringomielia. Um paciente sem compressão apresentou atraso em todas as ondas auditivas. Um dos pacientes com compressão e hipersinal em T2 apresentou as maiores latências nos intervalos I-III e I-V, demonstrando atraso global da via auditiva do tronco cerebral. Todos os pacientes com siringomielia apresentaram alargamento do intervalo I-V, mesmo após a abordagem cirúrgica da JCC. Todos os pacientes com sinais de lesão tecidual significativo, nos exames de RM, apresentaram assincronia dos picos após a aquisição binaural, com defasagem das ondas V do lado contralateral. A RM é uma ferramenta importante na avaliação morfológica da JCC. A avaliação global e detalhada das estruturas ósseas, ligamentares e neurais da JCC é indispensável para classificar o espectro das malformações congênitas e para predizer o risco de desenvolvimento de desordens osteoarticulares e neurológicas adquiridas. A idade do surgimento dos sintomas, algumas vezes, é discrepante ao tempo de duração da injúria tecidual. Por isso, questiona-se se o quadro fisiológico é secundário puramente às injúrias compressivas, ou se existem malformações ocultas do tecido neural. As análises dos PEATC não são realizadas de maneira rotineira, nesses pacientes. Os dados preliminares deste estudo demonstram que a correlação eletrofisiológica à análise por RM pode revelar aspectos da fisiologia do tronco cerebral e da etiologia das lesões neurológicas nas malformações da JCC.

ASSUNTO(S)

diagnóstico por imagem diagnostic imaging cérebro brain stem

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